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É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Rumo à Casa Branca

Trump pode se reeleger, mas algo dramático precisa ocorrer até o dia da eleição

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Existem diversas formas de medir as chances de um candidato a presidente nos EUA: as pesquisas nos Estados que oscilam entre um partido e outro, as doações para as campanhas, o mercado de apostas e a audiência dos programas em que eles aparecem. Por todas as medidas, Joe Biden é o favorito, a duas semanas da eleição.

A sabatina de Biden com eleitores realizada pela rede de TV ABC, na noite de quinta-feira, teve média de 13,9 milhões de telespectadores, segundo a empresa Nielsen; a do presidente Donald Trump, ao mesmo tempo, na NBC, 13 milhões.

Americanos assistem aos eventos simultâneos com Biden e Trump em restaurante em Tampa (Flórida) Foto: Octavio Jones/Reuters

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A campanha de Biden anunciou ter arrecadado em setembro US$ 383 milhões; a de Trump, US$ 248 milhões. Os valores individuais das doações para o democrata são menores. Considerando que cada doador representa potencialmente um voto, esse é mais um dado preocupante para o presidente. 

Na semana que passou, Biden estava vencendo em todas as casas de apostas americanas com dois terços das preferências, segundo o site Real Clear Politics. É a mesma estimativa do Instituto Ipsos.

Na maioria dos Estados que decidirão essas eleições, em razão dos seus movimentos pendulares entre um e outro partido, Biden tem vantagens nas pesquisas acima da margem de erro. Em 2016, Hillary Clinton liderava dentro da margem de erro nesses Estados. A vitória de Trump foi surpreendente, mas não uma aberração estatística.

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Ainda assim, os institutos de pesquisas fizeram correções nos seus modelos neste ano, dando peso maior para os eleitores da zona rural e sem diploma superior, que foram os que desequilibraram a balança em favor de Trump.

Trump está realizando comícios nos Estados em que ele precisa vencer e está atrás ou empatado tecnicamente. Já Biden visitou Estados nos quais, mesmo sendo derrotado, ele ainda assim se elege presidente. Noutras palavras, Trump joga na defensiva e Biden, na ofensiva, para ampliar a sua vantagem.

Vou usar aqui as últimas sondagens do Ipsos para a agência Reuters, com exceção da Geórgia, ainda não pesquisada por ele. Trump esteve na Flórida na segunda e na sexta-feira. O democrata Barack Obama venceu lá em 2008 e em 2012 e Trump, em 2016. Biden está com 49% no Estado com o terceiro maior colégio eleitoral dos EUA e Trump, 45%.

A Pensilvânia, onde Trump fez comício na terça-feira, e que venceu em 2016, está atrás de Biden por 51% a 44%. Em Iowa, visitado pelo presidente na quarta-feira, Obama ganhou em 2008 e 2012 e Trump, em 2016. Lá os dois estão empatados. Na Carolina do Norte, visitada por Trump na quinta-feira, os democratas não ganham desde 2008. Agora, os dois estão tecnicamente empatados: Biden tem 48% e Trump, 47%. Lá, a pesquisa foi feita entre os dias 7 e 13, e 12% dos entrevistados disseram que já haviam votado.

O fato de Trump ter tido de ir pedir votos na Geórgia, na quinta-feira, também chamou a atenção. Os democratas não ganham no Estado desde 1992. Pesquisa da Universidade de Quinnipiac coloca Biden à frente na Geórgia com 51% a 44%. A votação antecipada começou lá na segunda-feira, e os eleitores formaram longas filas, com esperas de até 6 horas. 

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Mas em nenhum Estado-chave a votação antecipada foi tão significativa até agora quanto no Michigan: 22% dos ouvidos entre os dias 7 e 13 já haviam votado. Lá, Biden vence Trump nas intenções de votos por 51% a 43%. Barack Obama venceu no Michigan em 2008 e 2012 e Trump, em 2016.

O Wisconsin causou um trauma nos democratas em 2016: Trump derrotou Hillary por 0,7 ponto porcentual. Os democratas venciam no Estado desde 1988. Agora, a pesquisa Ipsos indica vitória de Biden por 51% a 44%, com 20% dos entrevistados já tendo depositado seu voto. 

Finalmente, no Arizona, onde o presidente fará dois comícios amanhã, há empate técnico: Biden com 48% e Trump, 47%. O volume recorde de votação antecipada aumenta a chance de acerto das pesquisas. Trump pode se reeleger? Pode. Mas algo de dramático terá de acontecer.

* É colunista do Estadão e analista de assuntos internacionais

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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