20 de junho de 2012 | 03h07
A tensão tinha aumentado após assessores do candidato da junta militar, Ahmed Shafiq, ter declarado vitória sobre Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, na votação de domingo. O anúncio do resultado oficial foi adiado para amanhã.
Segundo a agência estatal Mena, Mubarak foi declarado clinicamente morto após um enfarte seguido de um derrame cerebral (AVC). Ele foi transferido do hospital da Prisão de Torah para o mesmo centro médico militar onde morreu o ex-presidente Anuar Sadat . A morte foi negada pela família do ex-ditador e pela junta militar que o substituiu no comando do país. Segundo essas fontes, Mubarak estaria em estado crítico, mas respirava com ajuda de aparelhos.
"Ele não está clinicamente morto, mas sua saúde está piorando e seu estado é crítico", disse o general Mamdouh Shahin à CNN.
Mubarak tem um longo histórico de problemas cardíacos e já tinha sofrido um enfarte no dia 2, quando foi condenado pela Justiça egípcia à prisão perpétua por ter ordenado a repressão policial a manifestantes na Praça Tahrir no ano passado.
Os rumores sobre a morte do ex-ditador adicionaram um grau extra de incerteza ao tenso cenário político egípcio ao mesmo tempo em que a campanha de Shafiq declarou a vitória do ex-premiê de Mubarak na eleição, o que acirrou o clima de tensão política no país. Segundo o porta-voz de Shafiq, Ahmed Sarhan, o candidato obteve 51,5% dos votos.
Na segunda-feira, a Irmandade declarara seu candidato, Mohammed Morsi, o vencedor, com 52%. "Temos os números corretos", disse Sarhan. "Temos certeza de que o próximo presidente será Ahmed Shafiq."
Ainda de acordo com Sarhan, a vantagem de Shafiq com relação a Morsi é de meio milhão de votos. A Irmandade diz que seu candidato tem 1 milhão de votos a mais que o rival e números monitorados por observadores internacionais são similares aos apresentados pelo movimento islâmico.
Protestos. Ontem, a Praça Tahrir, berço do movimento contra a ditadura, foi tomada por milhares de pessoas em um protesto contra as controvertidas medidas tomadas na última semana pela junta, que ampliaram o poder dos militares. Convocado pela Irmandade Muçulmana, o ato reuniu diversos grupos que participaram do movimento que derrubou Mubarak, em fevereiro do ano passado.
Os ativistas gritaram palavras de ordem contra a junta e exigiram que o poder seja imediatamente entregue às autoridades civis. Muitos deles carregavam retratos de Morsi. Para o manifestante Ahmed al-Sayid, os generais estão tentando tomar a autoridade do futuro presidente e invalidar as escolhas do povo.
Na última semana, os generais outorgaram à polícia e ao Exército o direito de prender suspeitos sem acusação formal, fecharam o Parlamento e diminuíram os poderes do futuro presidente por meio de um decreto provisório. A medida ainda lhes deu poderes legislativos. / AP, REUTERS e EFE
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