Rumsfeld destaca compromisso da Otan e dos EUA com Afeganistão

A autoridade americana chegou nesta terça a Cabul em uma visita surpresa destinada a expressar seu apoio ao presidente afegão

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Por Agencia Estado
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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, reafirmou nesta terça-feira em Cabul o "compromisso" da Otan com "o êxito" no Afeganistão e falou de seu plano de expansão para o sul do país, do qual, segundo ele, os Estados Unidos continuarão sendo parte importante. Rumsfeld chegou nesta terça a Cabul em uma visita surpresa destinada a expressar seu apoio ao presidente afegão, Hamid Karzai, e tratar, entre outros assuntos, sobre a imediata expansão da Otan ao sul afegão para substituir a coalizão militar dirigida pelos EUA. Em entrevista coletiva conjunta com Karzai, o chefe do Pentágono pediu à Europa que ajude a reduzir o tráfico de ópio que, atualmente, está ajudando a "financiar" os talebans. O secretário reafirmou também o compromisso dos EUA com o Afeganistão. "Posso assegurar que os Estados Unidos continuarão interessados, comprometidos e envolvidos para que o Afeganistão tenha êxito", afirmou. Rumsfeld insistiu na mensagem do governo americano de que os talebans, cada vez mais em maior número no sul do país - onde desde maio centenas de pessoas morreram em atos de violência -, serão finalmente "derrotados". Neste ano, pelo menos 1.200 pessoas morreram em incidentes violentos no Afeganistão, em sua maioria supostos extremistas. Entre as vítimas também estão civis, policiais, soldados afegãos e, pelo menos, 65 militares estrangeiros. Rumsfeld também falou sobre a transferência do controle da segurança no sul do país das tropas americanas para a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan. O exército dos EUA dirigem atualmente uma ofensiva antiterrorista em grande escala na região. "Perguntam-me sempre se o fato de a Otan chegar significa que os EUA partirão e perderão seu interesse no Afeganistão, e o fato é que não, que é um esforço da Otan que, pela primeira vez na história da organização, assumiu uma grande responsabilidade em um país que não é europeu", disse. "A decisão é fruto do compromisso e do interesse de 36 países, que estão dispostos a ver o Afeganistão triunfar", afirmou Rumsfeld. O secretário americano destacou, além disso, que os EUA "continuarão sendo um fator significativo na ajuda à segurança internacional porque, afinal, são parte importante da Otan". A visita do chefe do Pentágono a Cabul coincide com a chamada operação "Pressão na montanha" no sul do Afeganistão, onde 70 supostos talebans morreram em ataques da coalizão nos últimos dois dias, segundo o comando militar. Atualmente, mais de 11 mil soldados canadenses, britânicos e americanos, com o apoio de forças afegãs, participam dessa operação. Na entrevista coletiva, Karzai elogiou o papel dos EUA na criação de um novo Afeganistão e admitiu que o aumento da violência no sul se deve, em parte, à "fraqueza das forças policiais afegãs em distritos próximos ao Paquistão". "O papel dos Estados Unidos foi crucial aqui; sem sua ajuda, o Afeganistão não seria hoje um país livre, estaríamos dirigidos pela Al-Qaeda e pelo terrorismo, nossos filhos não iriam à escola, não haveria democracia, não teríamos Parlamento nem uma imprensa livre", disse o presidente afegão. Rumsfeld afirmou que, "há alguns anos, o que acontecia neste país era que a Al-Qaeda e os talebans maltratavam o povo e atacavam inocentes, e agora os campos terroristas foram fechados e o estádio de futebol, que era utilizado como lugar de execução, voltou a ser utilizado para o futebol". A visita de Donald Rumsfeld a Cabul é feita logo após a da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, realizada há apenas duas semanas. Rice também garantiu a Karzai, no dia 28 de junho, o compromisso dos EUA com o Afeganistão.

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