28 de março de 2014 | 09h17
Um dia depois de os presidentes da Rússia e dos EUA iniciarem uma aproximação após a anexação da Crimeia por Moscou, o chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que seu país não tem intenção de enviar suas forças armadas para a Ucrânia. Ele ressaltou, entretanto, em entrevista no sábado, 29, que o país está pronto para proteger os direitos dos representantes russos na ex-república soviética. "Não temos absolutamente nenhuma intenção de, ou interesse em, cruzar a fronteiras da Ucrânia", disse Lavrov a um canal de televisão russo. A Rússia tem tropas na Crimeia, território de maioria da população russa que deixou de pertencer à Ucrânia.
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Na sexta-feira, 28, o líder russo, Vladimir Putin, ligou para presidente dos EUA, Barack Obama, para discutir uma solução diplomática para a crise local. Durante a conversa, Obama sugeriu que a Rússia ofereça uma solução concreta por escrito e os presidentes concordaram que o secretário de Estado americano, John Kerry, e Lavrov se reúnam para discutir os próximos passos. Segundo a Casa Branca, Obama afirmou que o governo ucraniano continua adotando uma abordagem restrita diante da crise e seguindo em frente com a reforma constitucional e eleições democráticas. Ele pressionou a Rússia a apoiar esse processo e evitar futuras provocações, incluindo a escalada de forças na fronteira com a Ucrânia.
Obama frisou ainda que os EUA continuam a apoiar um caminho diplomático em suas consultas com o governo ucraniano e deixou claro que isso só será possível se a Rússia retirar suas tropas e não tomar medidas adicionais para violar a integridade territorial e a soberania da Ucrânia.
Separatismo. O presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovich, pediu nesta sexta-feira que cada uma das regiões do país realize um referendo sobre seu status "dentro da Ucrânia", disse a agência de notícias russa Itar-Tass. Foi por meio de um referendo às pressas que a Crimeia se desligou da Ucrânia e se juntou à Rússia. Áreas de maioria Rússia no leste do país também estão insatisfeitas com o novo governo interino.
Yanukovich, que está refugiado no sul da Rússia desde sua cassação em 22 de fevereiro e continua a se considerar o presidente legítimo, acredita que as eleições presidenciais de 25 de maio não solucionarão os problemas do país.
"Como presidente que está com vocês com toda a minha alma e meus pensamentos, faço um apelo a todos os cidadãos sensíveis da Ucrânia: não cedam aos impostores! Exijam um referendo sobre o status de cada uma das regiões dentro da Ucrânia", disse Yanukovich, segundo a agência, em um pronunciamento ao povo da Ucrânia. "Só um referendo nacional, e não eleições presidenciais antecipadas, podem estabilizar a situação política e conservar a soberania e a integridade territorial do Estado ucraniano."
"Aumento da tarifa do gás em 50%, congelamento de salários, redução da previdência e outros benefícios sociais teriam condenado o povo à miséria. Como presidente e como patriota não podia aceitar essas condições", afirmou o presidente deposto. / REUTERS, DOW JONES e EFE
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