Rússia chama rebeldes sírios para negociar paz

Coalizão insurgente rejeita o convite e exige desculpas do governo russo em virtude da posição que o Kremlin tem mantido em relação ao conflito

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Por MOSCOU
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A Rússia admitiu ontem que tenta dialogar com a Coalizão Nacional Síria, principal aliança dos rebeldes que lutam para destituir o ditador Bashar Assad. Criticada pelo Kremlin, a organização conta com o reconhecimento de países árabes e ocidentais como representante dos sírios. O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que Moscou convidou o líder da entidade insurgente, Moaz al-Khatib, para um encontro, mas o sírio rejeitou a oferta."Expressamos nossa prontidão para conduzir uma reunião", declarou Lavrov. "Se não representamos o povo sírio (na opinião do governo russo), por que ele está nos convidando (para o diálogo)?", respondeu Khatib, em entrevista à emissora do Catar Al-Jazeera. "Dissemos claramente que não iremos a Moscou. Poderíamos nos encontrar em algum país árabe se houver uma agenda clara (de negociação)", completou o sírio.Parceira tradicional da Síria, por três vezes a Rússia já vetou, juntamente com a China, resoluções do Conselho de Segurança da ONU com a intenção de pressionar o regime de Assad."Agora, queremos também um pedido de desculpas de Lavrov, pois durante todo esse tempo (que dura a crise síria) ele afirmou que o povo (sírio) decidirá seu destino, sem intervenção externa. A Rússia está intervindo (neste momento) e, enquanto isso, todos esses massacres do povo sírio ocorreram", disse. A oposição a Assad estima que 45 mil pessoas foram mortas desde o início do levante, em março de 2011.A mudança de posição de Moscou ocorre após representantes do governo sírio terem ido à capital russa discutir o plano de paz proposto pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, e pode ser um sinal de que o Kremlin já não acredita em uma vitória de Assad. Hoje, Brahimi deve chegar à Rússia, após uma viagem a Damasco, onde se encontrou com o ditador.Combate. Os rebeldes sírios anunciaram ontem ter avançado no cerco à base aérea de Mannagh, no norte do país, em meio a bombardeios de caças do regime. Funcionários do governo da Turquia afirmaram que dois generais da Força Aérea síria desertaram. / REUTERS e AP

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