
20 de janeiro de 2021 | 23h19
MOSCOU - O governo russo disse nesta quarta-feira, 20, que a melhora nas relações entre a Rússia e os EUA depende exclusivamente da “vontade política” do novo presidente americano, Joe Biden. O Kremlin também afirmou que espera uma posição “mais construtiva” do governo Biden para prorrogar o tratado de desarmamento New Start, que expira no dia 5.
Este é o último grande acordo que regulamenta parte dos arsenais nucleares dos dois grandes rivais. Em vigor desde 2011, ele limita a 700 o número de mísseis com capacidade nuclear e a 1.550, o de ogivas das duas potências.
“No Kremlin, ninguém se preparou para esta posse. Isso não mudará nada para a Rússia, que, como tem feito por longos anos, continuará sua existência tentando manter boas relações com os EUA”, disse o porta-voz da presidência, Dmitri Peskov.
As relações entre os EUA e a Rússia se encontram em seu pior momento desde o fim da Guerra Fria por causa das persistentes desavenças sobre diversas questões. Após a posse de Biden, diplomatas russos e americanos terão pela frente uma agenda repleta de problemas para resolver. A lista de divergências entre EUA e Rússia inclui os conflitos na Ucrânia e na Síria e o recente ataque de hackers a órgãos do governo americano que a Casa Branca atribuiu a Moscou.
“Estamos prontos para trabalhar com base nos princípios de igualdade e interesses comuns”, disse a chancelaria russa em um comunicado. O presidente russo, Vladimir Putin, propôs no ano passado a extensão por um ano do tratado. O governo do ex-presidente Donald Trump tinha tentado, sem êxito, ampliar o tratado para incluir a China, cujo arsenal está crescendo rapidamente, apesar de continuar sendo significativamente menor que os da Rússia e dos EUA.
Antony Blinken, nomeado secretário de Estado por Biden, disse na terça-feira, 19, durante audiência de confirmação no Senado, que possivelmente os EUA estenderão o New Start. “Sei que, em breve, iremos até vocês discutir sobre isso”, afirmou ele aos senadores.
Outro assunto importante é salvar o acordo sobre o programa nuclear do Irã, do qual o governo de Donald Trump se retirou em 2017. Putin já insinuou que a mudança de comando na Casa Banca não implica uma flexibilização. Ele foi um dos poucos líderes mundiais que esperaram a votação no colégio eleitoral americano para felicitar o presidente eleito, seis semanas após as eleições, usando como desculpa a negativa de Trump em reconhecer sua derrota. / AFP
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