29 de outubro de 2015 | 02h04
As condições da reunião de Viena foram firmadas na noite de terça-feira, em Paris, durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores de Alemanha, Grã-Bretanha, Itália e Turquia, além de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Catar, organizada pelo governo da França.
Apenas ontem o chanceler francês Laurent Fabius confirmou os termos. O presidente do Irã, Hassan Rohani, aliado de Assad, foi autorizado a enviar pela primeira vez um emissário às discussões.
A anuência reflete a reentrada progressiva de Teerã na cena diplomática internacional, após o acordo de não proliferação firmado com as potências nucleares, mas sobretudo a crescente influência de Moscou na questão síria.
Desde que o presidente Vladimir Putin ordenou os bombardeios russos às posições de adversários do regime de Assad, entre os quais o grupo terrorista Estado Islâmico, a posição do Kremlin foi reforçada. Com isso, Putin obteve do Ocidente e de países árabes, entre eles da rival Arábia Saudita, a concordância para que Teerã participe das negociações. Até aqui, Teerã e Riad travavam uma guerra indireta, em que cada um dos governos reforçava grupos armados rivais na Síria.
Condição. Em troca, o Ocidente fixou como prioridade a criação de um calendário que indique o momento em que Assad deixará o poder. Essa condição foi informada por Fabius ao chanceler russo, Sergei Lavrov, em reunião telefônica preparatória para o encontro de Viena.
"Eu evoquei as principais conclusões das consultas que nós conduzimos com nossos parceiros em Paris", informou o ministro francês. "Nós concordamos sobre as modalidades de uma transição política que garanta a saída de Assad em um calendário preciso. O engajamento de um processo deve vir acompanhado de mudanças tangíveis no terreno, em benefício da população síria."
Fabius enumerou ainda três prioridades do grupo de nove países: lutar contra o EI e outros grupos terroristas, não contra a oposição moderada; acelerar uma transição que garanta a partida de Bashar Assad; e a proteção de civis.
"Nós concordamos que vamos nos rever em Viena para continuar as discussões sobre esses pontos", reiterou Fabius, em comunicado. A guerra civil na Síria já dura quatro anos e matou 220 mil pessoas, segundo a ONU.
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