Rússia divulga plano para militarização do Ártico

Envio de tropas protegeria interesses russos na região

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Por AFP E REUTERS
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A Rússia planeja enviar unidades militares e agentes de seu serviço de segurança civil para o Ártico, região rica em petróleo, segundo um documento oficial publicado na internet. A medida foi aprovada pelo presidente Dmitri Medvedev em setembro, mas somente ontem veio a público. De acordo com o relatório, a Rússia, cuja economia depende da exportação de petróleo, gás e metais, espera que o Ártico se torne sua principal fonte de recursos até 2020. "É necessário criar unidades militares russa na zona do Ártico para garantir sua segurança militar", diz o documento. O texto explica que a presença militar é necessária para deixar a defesa "à altura das ameaças e desafios do país no Ártico" e aumentar o controle das rotas marítimas na região. O relatório também informa que a FSB, agência de segurança que substituiu a KGB, ficará encarregada da vigilância do litoral. No entanto, o Kremlin não deu indicações sobre o tipo de "ameaça" enfrentada pela Rússia no Ártico nem quantos homens devem ser enviados à região. O documento tampouco estabelece prazos para o deslocamento dos militares. Procurados pela agência France Presse, funcionários do Conselho de Segurança russo afirmaram que o documento foi mal entendido e não se trata da "militarização do Ártico", mas de uma medida para aumentar a segurança das fronteiras do país. Em nota, o governo explicou que o projeto apenas detalha uma "estratégia de defesa dos interesses nacionais". Estima-se que sob o Ártico existam reservas de 10 bilhões de toneladas de petróleo e gás, quantidade equivalente a todas as reservas que a Rússia explora hoje. Estudos apontam que o aquecimento global permitirá em breve a exploração dessas reservas, assim como abrirá novas rotas de navegação. BANDEIRA Moscou também prepara uma nova legislação para impor controles mais rígidos sobre a navegação no litoral norte da Rússia, rota cada vez sedutora para companhias comerciais. Em 2007, uma expedição de minissubmarinos russos fincou a bandeira do país a 4 mil metros de profundidade, no leito do Oceano Ártico, ato que despertou desconfiança em outros países com interesse na região. Rússia, Canadá, Dinamarca, Noruega e EUA também reivindicam soberania sobre alguns trechos do Polo Norte. Diferentemente da Antártida, não existe para o Ártico um tratado internacional que impeça países de declarar posse territorial sobre certas regiões.

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