16 de fevereiro de 2022 | 08h42
MOSCOU - O Ministério da Defesa da Rússia disse nesta quarta-feira, 16, que está trazendo de volta para as bases mais tropas, equipamentos e armas, e encerrou os exercícios militares na Crimeia, mais um gesto aparentemente destinado a aliviar os temores de que planeja invadir a Ucrânia, mesmo com os EUA dizendo que a ameaça de um ataque permanece.
“As unidades do Distrito Militar do Sul, tendo completado sua participação em exercícios táticos, estão se movendo para seus postos permanentes”, informou o Ministério da Defesa em comunicado, sem especificar quantos soldados estavam deixando o local.
A Crimeia, que foi cedida à Ucrânia no período soviético, foi anexada por Moscou na esteira da queda do governo pró-Kremlin em Kiev há oito anos, e abriga a sede da Frota russa no Mar Negro.
A Rússia reuniu cerca de 140 mil soldados russos no leste, norte e sul da Ucrânia, provocando preocupações ocidentais de que estava planejando um ataque. Não houve indicações de uma retirada significativa dessas forças, mas nesta semana os russos fizeram uma série de gestos que deram esperança de que a Europa possa evitar a guerra após semanas de crescentes tensões.
Enquanto o governo publica nas redes sociais vídeos de tanques retornando por via férrea, países do Ocidende e a Ucrânia permanecem céticos sobre a desmobilização. Não está claro, por exemplo, quantos soldados foram desmobilizados.
A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças. O próprio governo russo admite que a maioria das forças permanece mobilizada em uma série de exercícios em larga escala para treinamento operacional.
O secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, defende que ainda não viu nenhuma evidência de que a Rússia esteja reduzindo sua operação.
“No terreno, o que observamos mostram o oposto. Lembremos que a Crimeia era uma parte autônoma da Ucrânia que foi invadida e anexada ilegalmente pela Rússia em 2014. Portanto, não tenho certeza de que isso forneça qualquer garantia a alguém de que um país ocupado está tendo seus exercícios suspensos. O que todos nós queremos na comunidade internacional é ver a Crimeia devolvida à Ucrânia”, disse em entrevista à BBC.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o número de tropas russas na fronteira com a Ucrânia continua subindo. “Realmente pedimos que façam o que dizem e realmente diminuam esse números, ou seja, retirem os militares da região. Essa será sua melhor contribuição para reduzir as tensões e evitar qualquer conflito na Europa”, ressaltou.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou que a Rússia deve escolher entre a guerra e a diplomacia. “Nos últimos dois dias, a Rússia sinalizou que pode estar aberta à diplomacia, e pedimos que tome medidas concretas e tangíveis para a desescalada, porque essa é a condição para um diálogo político sincero. A escolha hoje é uma escolha entre a guerra e os trágicos sacrifícios que acompanhariam essa guerra, ou a coragem de um compromisso político, a coragem de uma negociação diplomática”, afirmou em reunião com legisladores da União Europeia. /AP, AFP e REUTERS
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