Rússia e China rejeitam ameaça de guerra contra Irã

Ambas defendem diplomacia; ministro francês acusa mídia de manipulação

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Por Moscou
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A Rússia e a China manifestaram ontem sua inquietude com relação aos comentários do chanceler francês, Bernard Kouchner, sobre a possibilidade de uma guerra com o Irã. O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse ontem que é contra o uso da força contra o Irã ou a imposição de sanções unilaterais para penalizar Teerã por seu programa nuclear. "Estamos convencidos de que nenhum problema moderno tem uma solução militar e isso é aplicável também ao programa nuclear iraniano", disse Lavrov depois de receber Kouchner em Moscou. "Preocupam-nos seriamente as informações cada vez mais freqüentes de que se está considerando uma ação militar contra o Irã", acrescentou. "O resultado disso, para uma região que já enfrenta graves problemas no Iraque e no Afeganistão, está além de qualquer conjectura." A China também se disse contra ameaçar o Irã com o uso da força. "Acreditamos que a melhor opção é resolver pacificamente a questão nuclear, por meio de negociações diplomáticas", afirmou o porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu. O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, disse ontem que não dá importância às advertências francesas: "As declarações divulgadas pela imprensa são diferentes das de Kouchner e não as levamos a sério." Kouchner, que provocou uma onda de críticas internacionais ao dizer no domingo que a França precisa estar preparada para uma possível guerra com o Irã, acusou ontem a imprensa de "manipular" suas declarações. Ele buscou reduzir o impacto de seu comentário, dizendo que teve a intenção de transmitir uma "mensagem de paz". "Não quero que usem isso para dizer que sou um militarista", disse o chanceler francês ao jornal Le Monde, dias antes de os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - França, China, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos - se reunirem para discutir possíveis novas sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear. O Ocidente teme que o objetivo do programa seja fabricar a bomba atômica. O governo americano assinalou ontem que está buscando medidas diplomáticas para resolver o impasse com o Irã. "Estamos trabalhando com a França e os outros países da União Européia para pressionar o Irã a cumprir suas obrigações sob as regras do Conselho de Segurança", afirmou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. ASSOCIATED PRESS, REUTERS, FRANCE PRESSE E EFE

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