Rússia e EUA firmam pacto mais ambicioso

Acordo reduzirá em um terço os dois principais arsenais atômicos mundiais

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Por Reuters , Efe e Ap
Atualização:

WASHINGTONUm dia depois do anúncio das novas diretrizes nucleares dos EUA, o presidente Barack Obama viajou ontem para Praga onde deve assinar hoje com seu colega russo Dmitri Medvedev uma terceira versão do programa Start - o acordo de desarmamento mais ambicioso desde a 2.ª Guerra adotado pelos EUA e a então União Soviética há 19 anos.Especialistas em desarmamento calculam que EUA e Rússia possuam hoje cerca de 3 mil ogivas nucleares cada um. Com o novo documento, este arsenal seria reduzido em um terço até 2020, o que é considerado um grande avanço, apesar de a letalidade das armas restantes ter crescido desde adoção da primeira versão do Start, em 1991.O novo compromisso entre os dois ex-inimigos da Guerra Fria deve ser formalizado apesar de, na terça-feira, o chanceler russo, Sergei Lavrov, ter ameaçado abandonar o acordo caso a Casa Branca volte atrás na decisão de cancelar a instalação de um sistema antimísseis na Polônia e na República Checa.O encontro também servirá para que os EUA pressionem a Rússia a apoiar as sanções contra o Irã no Conselho de Segurança, numa tentativa de conter um suposto programa secreto de Teerã para desenvolver uma bomba atômica. Obama fará o mesmo na semana que vem, quando se reunir com o presidente chinês, Hu Jintao, em Washington, durante encontro de países preocupados em conter a proliferação nuclear.Longo caminho. A primeira versão do Start (acrônimo em inglês para Tratado de Redução de Armas Estratégicas) foi assinada em 1991 pelo ex-presidente americano George Bush e o líder soviético Mikhail Gorbachev. O documento, que entrou em vigor em 1994, estabeleceu uma redução de 10 mil para 6 mil ogivas nucleares em cada um dos dois países. Os bombardeiros estratégicos e mísseis balísticos também teriam de ser reduzidos para 1,6 mil, antes de 2001. Em seguida, a Casa Branca e o Kremlin assinaram o Start 2, que limitou as ogivas nucleares dos Estados Unidos para 3,5 mil e da Rússia para 3 mil até 2007. A segunda edição do Start nunca chegou a ser ratificada pelos Estados Unidos e foi abandonada pela Rússia em 2002 em resposta à decisão americana de fazer o mesmo com o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos (ABM), de 1972. Embora tenha expirado formalmente em dezembro, na prática, o Start vai se extinguir com o novo acordo que deve ser assinado hoje em Praga. Para EntenderA assinatura do novo Start acontece no momento que os EUA renovam os esforços para conter o risco da proliferação das armas nucleares no mundo. Na terça-feira, Barack Obama anunciou uma nova doutrina interna para o uso de seu arsenal atômico. Na semana que vem, 47 países discutirão o mesmo assunto em Washington. Enquanto isso, a ONU prepara sanções para conter os planos nucleares iranianos.

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