O navio de desembarque russo Novocherkask partiu ontem em direção à costa da Síria levando armamento pesado e um destacamento de infantaria. A informação foi dada à agência de notícias russa Interfax por um porta-voz do Estado Maior das Forças Armadas da Rússia. A embarcação deve chegar amanhã ao porto de Tartus, onde os russos mantêm uma base militar.A embarcação deve se juntar a outras cinco que já foram enviadas pelo Kremlin à Síria. Os navios, de acordo com informações oficiais, seriam para dar apoio em uma possível retirada de cidadãos russos com o agravamento da guerra civil síria.Há cerca de duas semanas, uma outra frota russa, também composta de cinco navios de guerra, deixou o Mar Báltico a caminho do porto de Tartus. Outras embarcações militares estão prontas para zarpar do Mar do Norte, caso o Kremlin decida iniciar a operação de resgate na Síria.Aliada do regime de Bashar Assad, a Rússia ainda tenta uma saída negociada para a crise que já se arrasta por quase dois anos. Os rebeldes sírios recusaram, na sexta-feira, uma oferta de diálogo feita por Moscou. No sábado, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, admitiu que "não há possibilidade" de persuadir Assad a deixar o poder em Damasco. O representante especial da ONU e da Liga Árabe para a questão da Síria, Lakhdar Brahimi, afirmou ontem que a situação se deteriora a cada dia, mas que ainda vê espaço para uma solução diplomática em 2013. "O problema é que os dois lados não estão se falando", afirmou.Brahimi alertou para o risco de que o conflito leve a Síria a uma situação semelhante à da Somália. "Há pessoas falando sobre a divisão da Síria em vários pequenos Estados. Isso não ocorrerá. O que acontecerá é uma 'somalização' com o surgimento de senhores da guerra."Mortes. O número total de mortos no conflito na Síria já chega a quase 50 mil, de acordo com as estimativas do Observatório Sírio de Direitos Humanos, entidade de oposição com sede em Londres. Ontem, a organização afirmou que cerca de 400 pessoas foram mortas no sábado, o que tornaria o dia um dos mais violentos desde o início da guerra.A maior parte das mortes teria ocorrido em uma universidade de Deir Balbah, nas proximidades de Homs. De acordo com os insurgentes, tropas do governo cercaram a cidade para retomá-la e invadiram o local."Se já temos 50 mil mortos em quase dois anos e a guerra continuar por mais um ano, não teremos mais 25 mil. Teremos mais 100 mil mortos", disse ontem Brahimi durante entrevista coletiva no Cairo.