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Rússia envia reforço militar para Crimeia

Nova fase de tensão bélica com Ucrânia pode resultar no rompimento das relações diplomáticas entre os dois países, afirma premiê russo

Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

O governo da Rússia anunciou nesta sexta-feira, 12, ter enviado novos sistemas de defesa antiaérea e antimísseis à Crimeia, península anexada há dois anos, aumentando a tensão militar com a Ucrânia. Kiev já havia ordenado na véspera que suas Forças Armadas ficassem em estado de alerta para a ameaça de retomada dos confrontos armados. 

Tanques ucranianos são enviados para a região de fronteira com a Crimeia Foto: AP Photo/Aleksandr Shulman

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A escalada no leste europeu ocorre porque, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, a Ucrânia estaria por trás de atentados terroristas na península.

Os sistemas enviados à linha de demarcação entre a Crimeia e a Ucrânia são do tipo CRI S-400 Triumph, com alcance de 400 km. Eles equiparão um regimento russo estacionado na península, segundo comunicado do Ministério da Defesa, em Moscou. 

Segundo o Kremlin, o objetivo é “proteger a segurança de cidadãos e as infraestruturas vitais da Crimeia”, cuja população é de maioria russa e acolheu com entusiasmo a anexação – não reconhecida pela maior parte da comunidade internacional – em fevereiro de 2014. 

Desde a quinta-feira 11, as tropas ucranianas se posicionaram na região por ordem do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que teme uma nova invasão de seu território – a exemplo do que aconteceu em Donbass, província na fronteira com a Rússia onde separatistas controlam cidades como Donetsk.

Moscou afirma que seu serviço secreto (FSB) prendeu um oficial ucraniano que estaria preparando atentados na Crimeia. Já a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) acusou Moscou de não fornecer nenhuma prova das alegações de terrorismo que lançou contra Kiev.

De acordo com o premiê da Rússia, Dimitri Medvedev, as relações diplomáticas entre os dois países poderiam ser rompidas ainda ontem – o que lançaria ainda mais dúvidas sobre o frágil processo de paz na região. “Não quero que isso termine assim, mas se não houver outra forma de fazer a situação evoluir, o presidente provavelmente tomará essa decisão”, afirmou Medvedev, referindo-se a Putin.

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A nova etapa da tensão entre Rússia e Ucrânia causou reações no Ocidente. Nesta sexta, os Estados Unidos pediram aos dois países que evitem uma escalada militar, no momento em que a situação em Donbass também é instável. “Chegou a hora de reduzirmos a tensão e retomarmos as discussões”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Elizabeth Trudeau. “Exortamos que se evite todo tipo de ações que provoquem uma escalada na situação.”

De Bruxelas, a chanceler europeia, Federica Mogherini, telefonou ao ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klimkin, para discutir a crise e manifestar o apoio da União Europeia. “A UE condena e não reconhece a anexação ilegal da Crimeia. Nosso apoio é indefectível sobre a integridade territorial e a soberania da Ucrânia”, lembrou a alta representante europeia, em nota oficial. “Toda ação que poderia levar a uma nova escalada no conflito deve ser evitada por todos. A resolução pacífica do conflito é a única saída possível.”

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