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Rússia ampliará divisão de mísseis antiaéreos na Crimeia; Ucrânia promulga lei marcial

Moscou diz que colocará uma quarta divisão de seu mais avançado equipamento antiaéreo para ampliar proteção da região anexada em 2014; Kiev confirma adoção de lei marcial preventiva para 'parar loucos que pretendem atacar a Ucrânia'

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Por Redação
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MOSCOU - A Rússia instalará uma nova divisão de mísseis antiaéreos S-400 na Península da Crimeia, informou nesta quarta-feira, 28, um porta-voz militar russo. "Em breve o novo sistema de mísseis entrará em serviço", declarou à agência Interfax o coronel Vadim Astafiev, porta-voz da circunscrição militar sul. 

Anteriormente, as autoridades russas tinham informado que três divisões de mísseis S-400 garantiam a segurança do espaço aéreo da península, anexada pela Rússia em 2014. Os sistemas de mísseis S-400 podem abater simultaneamente vários alvos a uma distância de até 400 quilômetros e a uma altura de até 30 quilômetros

Caças russos sobrevoam ponte sobre o Estreito de Kerch, que conecta a Crimeia ao território continental da Rússia Foto: REUTERS/Pavel Rebrov

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O anúncio do posicionamento de novos mísseis acontece em meio à crise criada pela captura de três navios da Marinha ucraniana pela Guarda Costeira russa na região do Estreito de Kerch e pela detenção de 24 marinheiros ucranianos.

O Serviço Federal de Segurança (FSB, antiga KGB) da Rússia acusa os três navios de violar suas águas territoriais perto da Crimeia, de ignorar os alertas da Guarda Costeira russa para parar e de apontar suas armas contra as lanchas russas.

O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou na terça-feira uma "grosseira violação" do direito internacional por parte dos navios ucranianos e garantiu que a Guarda Costeira russa está disposta a "oferecer explicações adicionais" sobre o ocorrido na região do Estreito de Kerch, que une o mar Negro e o Mar de Azov.

Por sua parte, Kiev teme que os marinheiros possam ser condenados a vários anos de prisão, embora também ressalte que sua sorte dependerá de futuras consultas "ao mais alto nível" entre Putin e o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que poderiam optar por uma troca.

O incidente de Kerch pode ainda frustrar a anunciada reunião em Buenos Aires, durante a cúpula do G20, entre o presidente russo e o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump.

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"Talvez não tenha a reunião (com Putin). Talvez nem sequer tenha a reunião. Não gosto dessa agressão (russa contra a Ucrânia). Não quero essa agressão em absoluto", disse Trump em entrevista publicada pelo jornal "The Washington Post".

Reação de Kiev

Em resposta ao contexto de crescentes tensões com Moscou, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, promulgou também nesta quarta a lei marcial, anunciou seu porta-voz. "O presidente Poroshenko assinou a lei", anunciou no Facebook Svyatoslav Tsegolko sobre a lei aprovada na segunda-feira pelo Parlamento ucraniano e que deve valer por 30 dias em dez regiões fronteiriças e costeiras.

O texto adotado pelos deputados ratificou um decreto presidencial neste sentido assinado na segunda-feira.

No entanto, ainda há dúvidas sobre a entrada em vigor da lei marcial, com algumas estruturas oficiais ucranianas mencionando esta quarta-feira e outras afirmando que ela entrou em vigor na segunda-feira. O porta-voz da presidência não estava disponível para esclarecer esta situação.

"Devemos todos estar prontos para repelir a agressão de nosso inimigo que, até pouco tempo, era apenas nosso vizinho", declarou nesta o chefe do governo ucraniano, Volodymyr Groisman, ao abrir o Conselho de ministros.

Este movimento levou a UEFA a anunciar na terça-feira a mudança da partida da Liga Europa entre o clube ucraniano FC Vorskla e o inglês Arsenal. Previsto para Poltava (centro), que não será afetada peça lei marcial, a partida foi transferida para Kiev por "razões de segurança".

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As autoridades ucranianas asseguraram que a lei marcial, que torna possível mobilizar os cidadãos, controlar os meios de comunicação e limitar os encontros públicos, é essencialmente "preventiva".

"O objetivo da lei marcial é mostrar que o inimigo vai pagar caro se decidir nos atacar. Esta será uma ducha fria que vai parar os loucos que pretendem atacar a Ucrânia", disse na terça-feira à noite o presidente Poroshenko.

O ministério da Defesa deve explicar ainda nesta quarta-feira como a lei marcial será aplicada nas forças armadas. / EFE e AFP

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