
16 de abril de 2018 | 08h33
Atualizado 16 de abril de 2018 | 14h05
HAIA - A Rússia pode ter manipulado o local de um suposto ataque com armas químicas na cidade síria de Duma, disse o enviado dos EUA à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) nesta segunda-feira, 16. Ele ainda pediu ao órgão que condene o contínuo uso de armas químicas proibidas. O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, negou as acusações.
+ EUA anunciarão novas sanções contra Rússia por crise síria
+ Análise: Não revidar, a melhor estratégia contra os EUA
Os comentários foram feitos durante uma reunião a portas fechadas da organização, realizada após o ataque do dia 7 de abril na cidade de Duma, perto de Damasco, durante o qual dezenas de pessoas morreram supostamente em decorrência do uso de gás químico.
+ Para Entender: 7 chaves da operação contra Bashar Assad
+ Avanço de Assad aumenta risco de conflitos regionais
“Já passou do tempo desse conselho condenar o governo sírio por seu reino de terror químico e exigir responsabilização internacional para aqueles responsáveis por esses atos hediondos”, disse o embaixador americano Kenneth Ward.
“É nosso entendimento que os russos possam ter visitado o local do ataque. É nossa preocupação que eles possam ter manipulado o local com a intenção de impedir os esforços da missão de investigação da Opaq de conduzir um inquérito efetivo.”
A reunião da Opaq foi convocada em caráter de urgência após o suposto ataque químico contra o reduto rebelde sírio, que provocou os bombardeios seletivos dos EUA, França e Reino Unido contra alvos militares sírios.
Serguei Lavrov negou que o seu país tenha "manipulado" as provas. "Posso garantir que a Rússia não manipulou o lugar", afirmou ele em entrevista à emissora britânica BBC.
Para o titular da diplomacia russa, o que aconteceu em Duma foi uma "montagem". Ele também descartou o uso de armamento químico na cidade. "Não posso ser deselegante com os chefes de outros Estados, mas o senhor citou líderes da França, do Reino Unido e dos EUA e, falando com sinceridade, todas as evidências citadas por eles estão baseadas em relatórios dos veículos de imprensa e das redes sociais", acrescentou Lavrov.
Mais cedo, Moscou havia afirmado que não vai interferir no trabalho da Opaq na Síria. "A Rússia confirma seu compromisso de garantir a segurança da missão e não vai interferir em seu trabalho", escreveu em sua conta no Twitter a embaixada russa em Haia, cidade onde está localizada a sede da organização.
Mas o país voltou a criticar Washington, Paris e Londres pelos bombardeios do fim de semana, e disse que eles seriam uma tentativa de "acabar com a credibilidade" da missão.
A reunião desta segunda-feira envolve o conselho executivo da Opaq, que tem 41 membros dos 192 países que integram o grupo. Até o momento, não foi confirmado se a equipe da organização visitou Duma, como anunciou um funcionário do governo sírio à agência de notícias France-Presse.
"Deixaremos a equipe fazer seu trabalho de maneira profissional, objetiva, imparcial e longe de qualquer pressão. Os resultados da investigação desmentirão as acusações" contra o regime de Damasco, disse uma fonte síria. / AFP e EFE
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.