Rússia proíbe ex-agente de depor à Scotland Yard

Ex-agente preso poderia ajudar a esclarecer morte de ex-espião russo em Londres

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Serviço Federal Penitenciário (SFP) da Rússia anunciou nesta terça-feira que não permitirá que o ex-agente secreto russo Mikhail Trepashkin, que cumpre pena de prisão, preste depoimento aos detetives da Scotland Yard que chegaram ontem à noite a Moscou para investigar a morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko. "O SFP não permitirá que um réu condenado por revelar segredos de Estado continue sendo fonte de informação para representantes de serviços secretos de outros países", declarou o porta-voz da instituição, Alexandr Sidorov. Na véspera, Yelena Liptser, advogada de Trepashkin, declarou que seu cliente "afirma conhecer informações que podem lançar luzes sobre o assassinato de Litvinenko e está disposto a colaborar". Em 1998, Trepashkin e Litvinenko ofereceram uma entrevista coletiva em Moscou, na qual acusaram o FSB de tentar atentar contra a vida do magnata russo Boris Berezovski, então vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, hoje exilado em Londres e perseguido pela Justiça russa. Segundo a advogada, Trepashkin teria escrito recentemente um e-mail a Litvinenko alertando para a possibilidade de "um ato de vingança". Litvinenko morreu no dia 23 de novembro, em Londres, por causa de uma alta dose de polônio 210, um substância radioativa extremamente tóxica. Antes de morrer, ele acusou o serviço secreto russo. Numa carta revelada após a sua morte, o ex-espião responsabilizou diretamente pelo envenenamento o presidente da Rússia, Vladimir Putin. As autoridades russas negaram implicação no caso e denunciaram uma tentativa de desprestigiar a Rússia e seu presidente. Um representante da embaixada britânica em Moscou confirmou nesta terça-feira que, junto com os detetives da Scotland Yard, chegou à capital russa uma equipe de especialistas que vai revistar a sede diplomática para procurar vestígios de contaminação radioativa. "É só uma medida de precaução. E não significa que haja algum risco para o pessoal", disse à agência russa Interfax o representante diplomático britânico. Os investigadores britânicos pretendem ouvir os ex-agentes da KGB Andrei Lugovoy e Viacheslav Sokolenko, além do empresário Dmitri Kovtun. Os três conversaram com Litvinenko em Londres, antes de ele ser internado, mas já declararam que não têm nada a ver com a morte do ex-espião e trataram de "negócios". Kovtun afirma que os médicos também encontraram rastros de polônio em seu organismo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.