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Rússia reage à Otan e se rearma

Medvedev promete renovar arsenal nuclear e reequipar Forças Armadas para conter expansão de aliança

Por MOSCOU
Atualização:

O presidente russo, Dmitri Medvedev, anunciou ontem que rearmará "em larga escala" as Forças Armadas do país e renovará o arsenal nuclear da Rússia a partir de 2011. De acordo com ele, a medida será adotada em resposta à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para perto da fronteira russa e à ameaça do terrorismo internacional. O anúncio feito por Medvedev é mais um dos sinais confusos que Moscou tem emitido desde a eleição de Barack Obama para presidente dos EUA. Apesar de já ter afirmado que o Kremlin está disposto a melhorar as relações com a Casa Branca, Moscou vem tentando impedir o aumento da influência americana na região. "Uma análise da situação político-militar mostra que existe a possibilidade de um conflito sério em algumas regiões, alimentado pelas crises locais e pelas tentativas incessantes da Otan de desenvolver sua infraestrutura militar perto da fronteira de nosso país", disse Medvedev. "A principal tarefa é aumentar a preparação para o combate de nossas forças, antes de mais nada, a de nossas forças estratégicas nucleares - elas devem ser capazes de cumprir todos os requisitos necessários para garantir a segurança da Rússia." Medvedev não deu detalhes sobre quanto o novo plano vai custar para os cofres públicos russos, seriamente afetados pela crise econômica mundial. No entanto, autoridades militares afirmaram que cerca de 25% dos US$ 43 bilhões orçados para a compra de armas neste ano serão gastos para atualizar as antigas forças nucleares da era soviética. O ministro da Defesa, Anatoli Serdyukov, ainda afirmou que a Rússia pretende modernizar 70% de seu arsenal até 2020. A riqueza obtida na última década com a produção de petróleo permitiu que o Kremlin quadruplicasse seus gastos com a Defesa. Mesmo assim, a modernização militar tem sido lenta. As falhas no setor ficaram evidentes após o conflito da Rússia com a Geórgia, em agosto - que expôs a falta de treinamento e equipamento das forças militares russas. Atualmente, o Exército russo conta com cerca de 1 milhão de soldados. REAÇÃO AMERICANA A Rússia opõe-se firmemente aos planos de incorporar a Geórgia e a Ucrânia, ambas ex-repúblicas soviéticas, à Otan. Além disso, o Kremlin considera uma ameaça à segurança o plano de Washington de instalar no Leste Europeu um sistema de escudo antimíssil. Ontem, Serdyukov disse que o governo dos EUA "deseja obter liderança global" e expandir sua presença militar nas regiões adjacentes à Rússia. "As ambições americanas buscam ter acesso aos recursos minerais e energéticos dos países da Comunidade dos Estados Independentes", disse o ministro. "Os EUA têm apoiado ativamente os processos destinados a expulsar a Rússia de suas áreas de interesses tradicionais." Washington, porém, não expressou preocupações com as declarações feitas pelos governantes russos. "Desde que tenhamos um bom diálogo e um bom entendimento dos fins para os quais estamos desenvolvendo nossas forças militares, não acredito que (o rearmamento) represente um problema ou uma ameaça com a qual deveríamos nos preocupar", afirmou o porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell. AP, AFP, REUTERS E NYT

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