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Rússia responde por escrito proposta dos EUA sobre crise na Ucrânia

Por semanas, Moscou exigiu uma resposta de Washington por escrito a suas demandas; segundo autoridade americana, russos fizeram devolutiva também por escrito em novo momento de acirramento

Por John Hudson e Ashley Parker
Atualização:

O governo russo entregou uma resposta por escrito a uma proposta dos EUA destinada a diminuir a crise na Ucrânia, disse uma autoridade dos EUA que falou sob condição de anonimato por discutir negociações diplomáticas delicadas.

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A entrega da resposta ocorre no momento em que o governo Biden continua uma dança delicada que busca manter a Rússia na mesa diplomática sem ceder a nenhuma de suas principais demandas. O Kremlin deslocou cerca de 100.000 soldados e armamento pesado perto da fronteira ucraniana e ignorou os pedidos dos Estados Unidos para retornar com suas forças aos seus quartéis.

"Podemos confirmar que recebemos uma devolutiva por escrito da Rússia", disse o funcionário na segunda-feira, 31. “Seria improdutivo negociar em público, então deixaremos isso para a Rússia se eles quiserem discutir sua resposta.”

Soldado do Exército da Ucrânia, em abrigo, em Donetsk; movimento de tropas russas na fronteira ucraniada émonitoradopelo Ocidente Foto: Stanislav Kozliuk/EFE

A autoridade se recusou a fornecer detalhes sobre a proposta, entregue antes de um telefonema entre o secretário de Estado Antony Blinken e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, nesta terça-feira.

“Continuamos totalmente comprometidos com o diálogo para abordar essas questões e continuaremos a consultar de perto nossos aliados e parceiros, incluindo a Ucrânia”, disse o funcionário.

Publicamente, Moscou reagiu de forma pessimista à proposta escrita do governo Biden, com o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, dizendo na quinta-feira: “Não se pode dizer que nossas opiniões foram levadas em consideração ou que foi demonstrada uma prontidão para levar nossa preocupação em consideração”.

Blinken descreveu a proposta dos EUA como algo que oferece ao Kremlin “um caminho diplomático sério, caso a Rússia o escolha”. Mas autoridades dos EUA disseram que o Ocidente não cedeu à exigência da Rússia de que a Otan feche sua “política de portas abertas”, impedindo países como Ucrânia e Geórgia de ingressar na aliança militar.

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A Rússia disse que não tem intenção de invadir a Ucrânia e acusou os Estados Unidos e o Reino Unido de usar desinformação para aumentar as tensões na região.

Falando a repórteres na segunda-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, descartou as preocupações de que, ao falar sobre a ameaça de uma possível invasão russa, Washington esteja tornando os ucranianos mais vulneráveis ??à agressão russa.

“Bem, só posso falar por nossa intenção e nossa responsabilidade, e sentimos que é importante sermos abertos e sinceros sobre a ameaça da Rússia”, disse Psaki. “Não são apenas palavras, é claro. Você está vendo os detalhes que estamos colocando aqui, incluindo mais de 100.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, r na reunidos na fronteira, com mais tropas e armamentos a caminho. Eles também estão enviando tropas para Belarus.”

Psaki acrescentou que o objetivo da Casa Branca é manter o público americano e a comunidade global informados “sobre a gravidade dessa ameaça, mesmo enquanto trabalhamos com os ucranianos e com os europeus para garantir que não estamos apenas preparando-os e fornecendo-lhes suprimentos que eles precisam, mas se levantando e deixando claro para os russos quais serão as consequências”.

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Questionada sobre a tensa reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, durante a qual o embaixador da Rússia afirmou que a narrativa do Ocidente de que a Rússia enviou 100.000 soldados para a fronteira ucraniana não foi confirmada, Psaki disse que os Estados Unidos e aliados da Otan sabem o que têm visto "com nossos próprios olhos".

"Agora, novamente, a Rússia tem o poder", disse ela. “Eles são os agressores aqui. Eles têm o poder e a capacidade de diminuir a escalada, retirar suas tropas da fronteira, não empurrar mais tropas para Belarus, tomar medidas para diminuir a situação no terreno”.

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