Rússia retira soldados da Geórgia

Apesar de Moscou afirmar que operação foi concluída, forças russas permanecem em três postos de controle

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Por AP E REUTERS
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Colunas de tanques e veículos blindados russos deixaram ontem cidades no interior da Geórgia, após Moscou declarar que concluiu sua retirada de posições estratégicas no país. Soldados deixaram localidades como Gori (cidade importante por sua localização central), a base militar em Senaki (oeste) e postos de controle em Igoeti, a 50 quilômetros da capital, Tbilisi. No entanto, forças russas permaneciam em pelo menos três postos de controle próximos de Senaki e no porto de Poti, no Mar Negro - o que levantou dúvidas sobre as intenções de Moscou. A saída dos soldados ocorre duas semanas após tropas russas invadirem a Geórgia para defender a província separatista da Ossétia do Sul contra uma ofensiva do governo georgiano. O confronto - que terminou com um acordo mediado pela União Européia - abriu a maior crise entre o Kremlin e o Ocidente desde o colapso soviético. Em Moscou, o ministro da Defesa, Anatoly Serdiukov, disse que a retirada das tropas havia sido concluída na noite de ontem. "A retirada foi conduzida sem incidentes e foi completada de acordo com o planejado, às 19h50 do horário de Moscou (13h50 no horário de Brasília)", disse Serdiukov. Os governos dos EUA e da Geórgia, porém, contestaram a informação, afirmando que a Rússia mantinha suas forças em território georgiano, na chamada zona de segurança, na fronteira com a Ossétia do Sul. O presidente americano, George W. Bush, e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, discutiram o assunto e, segundo a Casa Branca, "concordaram sobre a Rússia não estar agindo conforme o pacto e sobre a necessidade de Moscou seguir imediatamente o acordado". "Não há dúvidas de que os russos falharam em cumprir suas obrigações", disse o porta-voz do Departamento de Defesa, Robert Wood. "Estabelecer postos de controle e zonas de segurança não são, de maneira nenhuma, parte do acordo." LENTIDÃO Em visita a Tbilisi, o principal comandante dos EUA na Europa, general John Craddock, criticou a retirada russa e a qualificou de "extremamente tímida e muito lenta". Já o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, ponderou a iniciativa. "A retirada das forças de ocupação das principais cidades é um bom começo e um passo na direção certa", disse, em um discurso televisionado. "Mas não devemos nos iludir, pois nosso caminho para a liberdade será longo." No oeste da Geórgia, uma coluna de 83 tanques russos e blindados deixou, na tarde de ontem, a base de Senaki e se dirigia para a Abkázia - outra região separatista do país. No centro, 40 veículos militares deixaram Gori, em direção à Ossétia do Sul e a um túnel na fronteira entre a Rússia e a Geórgia. Em algumas cidades, os georgianos comemoraram a retirada russa. Em Igoeti, cerca de 100 civis acompanharam a saída dos tanques agitando a bandeira nacional. A invasão russa à Geórgia estremeceu a relação entre Moscou e o Ocidente, fazendo com que vários países revissem suas relações diplomáticas com o Kremlin. No último sinal da escalada de tensão com as nações ocidentais, Moscou suspendeu, na quinta-feira, suas atividades de cooperação militar com a Otan, agravando a crise.

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