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Rússia ultrapassa a barreira dos 1 mil mortos por covid-19

Número de casos confirmados da doença no país já ultrapassou os 100 mil

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU - A Rússia ultrapassou a marca de 1 mil mortos pelo novo coronavírus. A informação foi divulgada pelas autoridades sanitárias do país nesta quinta-feira, 30, por meio de um balanço, que também aponta mais de 100 mil casos diagnosticados de covid-19.

De acordo com as informações anunciadas pelo governo, foram contabilizadas 1.073 mortes e 106.498 casos confirmados da doença. A grande maioria dos casos no país se concentra nas cidades de Moscou e São Petersburgo.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin Foto: Alexey DRUZHININ / SPUTNIK / AFP

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O balanço também aponta que, nas últimas 24 horas, 7.099 pessoas foram diagnosticadas com covid-19. Desde o começo da pandemia, 11.619 pessoas foram curadas da doença no país, apontam as autoridades.

Depois de fechar as fronteiras terrestres com a China, a Rússia constatou durante várias semanas poucos casos, enquanto a epidemia avançava com força na Europa ocidental.

Mas a partir de meados de março, os contágios começaram a aumentar e o presidente Vladimir Putin anunciou um período de licença remunerada em abril, que foi prolongado até 11 de maio, para estimular a população a permanecer em casa. O início da flexibilização do confinamento está previsto para 12 de maio.

Médicos contam colegas mortos

Médicos russos começaram a alimentar, na semana passada, um banco de dados com os nomes dos profissionais da saúde que faleceram enquanto atuavam no combate à covid-19. Até o momento, foram registrados mais de 70 mortos, entre médicos, enfermeiros e técnicos de laboratórios,

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O principal objetivo da lista, segundo explicou o cardiologista Alexei Erlikh, é prestar homenagem aos profissionais da linha de frente de combate à epidemia. O cardiologista e seus colegas também buscam pela verdade, pois dizem que não confiam nos números publicados pelas autoridades. "Muitos colegas estão morrendo. É difícil ver um novo nome todos os dias."

Na quarta-feira, a lista de médicos russos incluía 74 nomes, mais da metade dos quais em Moscou e arredores, o epicentro da epidemia na Rússia. Quatro deles morreram na vizinha Bielorrússia, onde as autoridades se recusaram a impor confinamento.

Erlikh, que é chefe do serviço de terapia intensiva cardíaca de um hospital de Moscou, está em quarentena em sua casa depois de testar positivo para o vírus. Segundo ele, cerca de 70% de sua equipe está infectada. Os médicos russos se queixam da escassez de equipamento de proteção e testes de diagnóstico, bem como da relutância de vários chefes de estabelecimentos em realizar testes entre os funcionários, para evitar períodos de quarentena. Alguns centros se tornaram vetores de disseminação do vírus.

Para o neurocirurgião Alexei Kashcheyev, a lista de médicos falecidos é mais uma prova do que o sistema de saúde russo, que sofreu muitos cortes, não está preparado para enfrentar uma crise dessa magnitude. A mortalidade significativa entre o pessoal médico "era previsível", diz ele, acrescentando que as queixas dos médicos, sobrecarregados e mal pagos, são ignoradas há anos.

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As autoridades, que reconheceram a falta de meios de proteção, garantem, no entanto, que multiplicaram os esforços para aumentar a produção e o número de testes realizados. Até o momento, nenhuma estatística oficial foi divulgada sobre o número de médicos mortos por covid-19.

Anastasia Vasilyeva, que dirige o sindicato "Aliança dos Médicos", acusou as autoridades de querer minimizar o número de mortes. Segundo ela, o número de vítimas deve se aproximar de 200 na Rússia.

"Eu pessoalmente posso adicionar uma dúzia de nomes à lista. Recebo mensagens todos os dias: 'Este está morto e este está morto'", explica. Para muitos críticos, a situação atual é consequência de anos de políticas que favoreceram os gastos com defesa, em vez de fortalecer o setor de saúde.

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"Quando tudo acabar, acho que os médicos e a sociedade terão que soar o alarme sobre esse problema e pedir soluções", alerta Kashcheyev./AFP

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