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Rússia vendeu míssil ao Irã, diz militar

As cinco baterias de S-300 ainda não foram entregues; sistema desequilibrará balanço militar no Oriente Médio

Por AP , AFP e EFE E WP
Atualização:

A assinatura, há dois anos, de um contrato para a venda de mísseis de defesa S-300 da Rússia para o Irã foi confirmada ontem por uma importante fonte militar ligada ao Kremlin. De acordo com um funcionário do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar, que não quis se identificar, apesar de as armas ainda não terem sido entregues, Moscou deve cumprir o acordo feito com Teerã. Autoridades de Moscou negam firmemente que tenham entregue mísseis desse tipo para o Irã e nunca reconheceram a existência de um contrato. O porta-voz do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar, Andrei Tarabrin, não quis comentar o assunto. PROTEÇÃO O fornecimento dos mísseis ao Irã, que desequilibraria o balanço militar no Oriente Médio, há meses tem sido tema de discussões entre Israel e EUA. Os mísseis S-300, similares ao Patriot, são capazes de seguir e abater vários alvos simultaneamente em até 27 quilômetros de altitude e a 200 quilômetros de distância. Os EUA temem que Teerã use as armas para proteger suas instalações nucleares, dificultando qualquer ataque contra seu programa atômico. As declarações - publicadas pelas agências de notícias russas Itar-Tass, RIA-Novosti e Interfax - foram divulgadas um dia depois de o presidente Dmitri Medvedev ter anunciado que rearmará "em larga escala" as Forças Armadas e renovará seu arsenal nuclear. Segundo Medvedev, a medida é uma resposta à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para perto da fronteira russa. "Os sistemas S-300, previstos em contrato assinado há dois anos, ainda não foram fornecidos ao Irã. Além disso, o contrato está sendo honrado gradualmente", afirmou a fonte. "O futuro cumprimento do acordo dependerá muito da situação internacional e das decisões das autoridades." A fonte ainda disse que a Rússia está interessada em atender ao compromisso, avaliado em "centenas de milhões" de dólares. O jornal Kommersant afirmou que cinco baterias de sistemas S-300 teriam sido negociadas por US$ 800 milhões. Em outro contrato já cumprido, a Rússia vendeu 29 sistemas de defesa aérea de curto alcance Tor-31 por US$ 700 milhões. Os ministros de Defesa da Rússia, Anatoli Serdyukov, e do Irã, general Mustafa Mohamed Nayar, reuniram-se em 17 de fevereiro e prometeram prosseguir com o desenvolvimento da cooperação militar entre os dois países. MOEDA DE TROCA No entanto, especialistas militares acreditam que a condição para cumprir o contrato pode representar o desejo do Kremlin de utilizá-lo como moeda de troca antes do primeiro encontro entre Medvedev e o presidente dos EUA, Barack Obama, marcado para o mês que vem. "O contrato do S-300 e a cooperação com o Irã, em geral, são vistos por Moscou apenas como um instrumento de barganha política com o Ocidente e não como um meio de atender aos interesses de defesa e de comércio da Rússia", disse o analista Ruslan Pukhov, do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias. Enquanto Obama procura melhorar as relações com a Rússia e persuadir Moscou a ajudá-lo a conter o Irã, ele deve tentar ganhar a confiança dos russos - que suspeitam das intenções americanas na região e relutam em prejudicar o que consideram uma parceria estratégica com o país persa. Mas o interesse do Kremlin em voltar a ter boas relações com a Casa Branca pode superar as expectativas de Washington, apontam analistas. Durante a visita de Nayar à Rússia, o vice-chanceler russo, Seguei Ryabkov, negou que Moscou esteja endurecendo sua posição em relação ao Irã, mas pediu que a comunidade internacional intensifique os esforços para resolver o impasse nuclear com Teerã. NÚMEROS US$ 800 milhões seria o valor das cinco baterias do sistema S-300 29 sistemas de defesa Tor-31 foram vendidos por US$ 700 milhões

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