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Saddam acusa milícia curda de ser "agente do Irã e de sionistas"

Mais de 180.000 curdos foram assassinados ou desapareceram na operação Al Anfal que coincidiu com os últimos dois anos da guerra entre Irã e Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

O deposto presidente iraquiano Saddam Hussein fez nesta terça-feira duras críticas às milícias dos dois principais partidos curdos do norte do Iraque, que considerou "agentes do Irã e dos sionistas". Saddam expressou esta postura durante a audiência desta terça-feira do julgamento contra ele e mais seis ex-assessores por genocídio contra os curdos durante a operação Al Anfal, realizada pelo Exército do ex-ditador entre 1987 e 1989 no Curdistão. O ex-líder iraquiano referia-se às milícias "Peshmerga", que pertencem à União Patriótica Curda (UPK), do atual presidente iraquiano, Jalal Talabani, e ao Partido Democrático do Curdistão (KDP), liderado pelo presidente dessa região autônoma, Masoud Barzani. "Na história moderna do Iraque, precisamente entre 1961 e 2003, o que está ocorrendo no norte do Iraque é considerado uma rebelião", disse Saddam, que defendeu a campanha militar de seu Exército no Curdistão. "No mundo todo, o exército do país intervém quando há uma rebelião", acrescentou. Segundo números oferecidos pelo procurador-geral do Tribunal Penal Supremo, mais de 180.000 curdos foram assassinados ou desapareceram na operação Al Anfal que coincidiu com os últimos dois anos da guerra entre Irã e Iraque. Na audiência desta terça-feira, o tribunal ouviu o testemunho de dois curdos que acusaram Saddam e seu primo Ali Hassan al-Majid - o "Ali Químico" - de ter ordenado os ataques e as detenções registrados no final da década de 80 no Curdistão. Uma das duas testemunhas - da província de Sulaimaniya, uma das três que formam o Curdistão - pediu uma "indenização econômica e moral" pelos danos sofridos. Segundo esta testemunha, as forças de segurança iraquianas detiveram sua irmã e sua mãe, enquanto ele conseguiu fugir para o Irã com outros três membros da família. Também afirmou que, após 1991, os restos mortais dos membros de sua família que tinham sido detidos no Curdistão foram encontrados, junto com os de outras pessoas, em uma vala comum na localidade de Al Hadar, 200 quilômetros ao norte de Bagdá. Durante o julgamento, Saddam Hussein exigiu que os documentos de identidade e os corpos encontrados nessa fossa sejam examinados por "organizações internacionais neutras".

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