Saddam é expulso de tribunal pela quarta vez em julgamento por genocídio

Advogados de defesa boicotaram novamente o julgamento; o tribunal nomeou uma nova equipe de advogados

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Supremo Tribunal Penal que julga Saddam Hussein e seis de seus antigos colaboradores expulsou nesta terça-feira o ditador iraquiano da corte pela quarta vez desde o início do processo por genocídio de curdos iraquianos. O juiz Mohammed Oreibi al-Khalifa ordenou a expulsão de Saddam da sala do tribunal após discutir com ele e de impedi-lo de ler um documento. Apesar isso, Saddam começou a ler uma frase do Corão (livro sagrado dos muçulmanos) a favor do combate aos infiéis. Neste momento, o juiz pediu aos guardas do tribunal que tirassem Saddam da sala e ordenou a continuação da sessão a portas fechadas. Além disso, o juiz ordenou a interrupção da transmissão visual e sonora da audiência. O incidente ocorreu enquanto comparecia na sala a primeira testemunha da sessão desta terça-feira, a 14ª no caso de Al-Anfal, no qual se acusa Saddam e seus assessores de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra contra os curdos da região norte do país entre 1978 e 1988. A mulher curda, que dava seu testemunho atrás de uma cortina, afirmou que seu marido foi detido durante a operação de Al-Anfal em abril de 1988 e que não sabe se ele continua vivo. Na sessão desta terça-feira também não esteve presente a equipe da defesa que boicota o processo há quatro sessões, em protesto contra "a intromissão do governo" no julgamento após a destituição do juiz anterior no mês passado, por ter afirmado que Saddam "não era um ditador". Nesta terça-feira uma nova equipe de advogados nomeada pelo tribunal se apresentou. Segundo números fornecidos pelo procurador-geral do Supremo Tribunal Penal, mais de 180 mil curdos foram assassinados ou desapareceram na campanha de Al-Anfal, que coincidiu com os últimos dois anos da guerra entre Irã e Iraque (1980-1988).

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