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Saddam Hussein critica juiz por cortar o microfone durante julgamento

O ex-presidente do Iraque teve o aparelho desligado depois que começou a recitar verso do Corão

Por Agencia Estado
Atualização:

Saddam Hussein repreendeu o juiz que preside seu julgamento de genocídio, acusando a corte de impedi-lo de se defender. "Quando o acusador e promotor falam, o mundo ouve. Quando o homem que chamam de ´acusado´ fala, você desliga o microfone. Isto é justo?", perguntou Saddam ao presidente do tribunal, Mohammed Oreibi al-Khalifa, nesta quarta-feira. O ex-presidente estava se referindo à sessão de terça, quando o juiz desligou o microfone de Saddam depois que ele começou a declamar um verso do Corão, o livro sagrado islâmico. Quando Saddam se recusou a parar, o magistrado ordenou a oficiais do tribunal que retirassem o líder deposto. "O tribunal não perderia nada se ouvisse os acusados dando a eles os mesmos direitos que às testemunhas", disse o ex-presidente iraquiano. O processo continuará na terça-feira. Testemunhas Mohammed Oreibi al-Khalifa, e os outros quatro juízes ouviram, na 15ª audiência do julgamento, os testemunhos de duas mulheres e um homem sobre a campanha "Al Anfal", feita pelo Exército iraquiano entre 1987 e 1988 contra vários territórios curdos do norte do Iraque. Uma testemunha que depôs nesta quarta acusou agentes do ex-ditador de terem participado de uma rede de tráfico de seres humanos por meio da qual sua irmã e outras mulheres curdas foram "vendidas" no fim da década de 80. Os advogados de defesa, indicados pela corte, e um dos outros seis réus no julgamento classificaram imediatamente a acusação como boataria baseada em documentos forjados. Saddam e outros seis réus estão sendo julgados por um tribunal especial iraquiano sob suspeita de terem cometido crimes de guerra e de lesa-humanidade ao ordenarem uma operação militar que resultou na morte de dezenas de milhares de curdos no crepúsculo da Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Segundo números do procurador-geral do Tribunal Penal Supremo, mais de 180.000 curdos foram assassinados ou desapareceram nesse período.

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