Saddam quer levar Bush e Blair ao TPI por crimes de guerra

Advogados de Saddam querem levar ao Tribunal Penal Internacional, em Haia, Bush e Blair por crimes de guerra cometidos no Iraque

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Por Agencia Estado
Atualização:

O chefe da equipe de advogados de Saddam Hussein anunciou nesta quinta-feira que o deposto líder iraquiano deseja que o presidente dos EUA, George W. Bush, e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, sejam julgados por crimes de guerra. Segundo Khalil al-Dulaimi, Saddam quer que os dois líderes, junto com o secretário americano da Defesa, Donald Rumsfeld, sejam processados por supostamente autorizar o uso de armas como bombas de artilharia de urânio empobrecido, fósforo branco, napalm e bombas de fragmentação contra iraquianos. O processo será encaminhado em breve ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, na Holanda, pela equipe de defesa de Saddam, acrescentou. Saddam também quer que todos os iraquianos que tiveram parentes mortos ou propriedade danificada deveriam receber pelo menos US$ 500.000 a título de indenização. É pouco provável que um caso contra Bush seja apreciado pelo TPI, já que os Estados Unidos não são signatários do organismo. Mas a Grã-Bretanha é. Portanto, Blair, teoricamente, pode ser chamado a responder caso alguma evidência seja considerada admissível ou se estiver dentro da jurisdição do tribunal. Christian Palme, porta-voz da procuradoria-geral do TPI, não comentou as alegações do advogado de Saddam, mas comentou que qualquer organização ou indivíduo pode repassar à corte informações sobre supostos crimes de guerra. Desde março de 2003, quando forças estrangeiras lideradas pelos EUA invadiram o Iraque em busca de armas de destruição em massa que nunca vieram a ser encontradas, apareceram diversas denúncias de que o exército americano teria utilizado armas ilegais em ações militares no país árabe, inclusive napalm durante uma ofensiva contra Faluja em novembro de 2004. O Departamento de Defesa dos EUA (Pentágono) nega a acusação de uso de napalm. Em novembro último, porém, o Pentágono admitiu ter feito uso de bombas de fósforo branco contra supostos alvos inimigos na mesma ofensiva contra Faluja. Funcionários americanos insistiram que bombas de fósforo branco são armas convencionais e não são proibidas por nenhuma convenção internacional da qual os EUA sejam signatários. O uso de bombas de fósforo branco é regulamentado pelo Protocolo III da Convenção de Armas Convencionais, assinada em 1980 e da qual os EUA não são signatários. O documento autoriza somente o uso das bombas de fósforo branco para a iluminação de alvos inimigos e proíbe seu uso em ataques contra populações civis. De acordo com uma denúncia apurada por uma emissora italiana de televisão, os EUA utilizaram bombas de fósforo branco em ataques diretos contra áreas povoadas em Faluja no fim de 2004. Recentemente, soldados americanos disseram ter passado mal depois de exposição a cápsulas de urânio empobrecido no Iraque. O Pentágono alega que o metal não causa doenças.

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