Saddam rejeita ultimato e diz que vencerá a guerra

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Por Agencia Estado
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Trajando uniforme militar, o presidente do Iraque, Saddam Hussein, presidiu uma reunião conjunta do Conselho do Comando Revolucionário (máxima instância de poder) e do governista partido Baath, para coordenar a defesa do país ante o ataque liderado pelos EUA. A TV iraquiana mostrou imagens do encontro e transmitiu um comunicado pelo qual Saddam rejeita o ultimato dado na segunda-feira pelo presidente dos EUA, George W. Bush, para que deixe o poder, com seus filhos Uday e Qusay, até amanhã. Foi a primeira vez desde a Guerra do Golfo, de 1991, que a tevê o mostrou em traje militar. A aparição de Saddam na TV se deu apenas algumas horas depois de Bush ter dado seu ultimato. "Esta batalha será a última guerra do Iraque contra qualquer poder arrogante e a última guerra agressiva lançada pelos EUA contra o mundo. Se Deus quiser, a vitória será nossa e o inimigo será repelido porque está do lado da falsidade. Deus é Grande." No mesmo comunicado, Saddam afirmou que o Iraque não é uma empresa cujos dirigentes são nomeados pelos EUA. "É um país que deve ser tratado com respeito", assinalou. "A reunião enfatizou que o Iraque e todos os seus filhos estão integralmente prontos para enfrentar os agressores prestes a invadir o país e a repeli-los", leu o locutor. O comunicado diz ainda que "o Iraque não define seu caminho sob ordens de um estrangeiro e não escolhe seus líderes de acordo com decretos de Washington, Londres e Tel-Aviv, mas pelo desejo do grande povo iraquiano". Saddam se reuniu depois com o Ministério e os principais comandantes militares. Amanhã haverá uma sessão extraordinária do Parlamento. Os órgãos de informação iraquianos não deram detalhes sobre as decisões tomadas nas reuniões, nem o que os parlamentares deliberarão. O filho mais velho de Saddam, Uday - encarregado da defesa de Bagdá e Tikrit, cidade natal de Saddam, onde há forte presença militar - fez uma declaração rejeitando o ultimato e chamou Bush de "anormal". "A proposta vem de uma pessoa que não é completamente normal. A proposta deveria ser que ele deixe seu escritório (o governo) nos EUA, ele e sua família", afirmou. Em outro momento, Uday disse que "as esposas e mães daqueles americanos que lutarem contra nós chorarão sangue, não lágrimas". De temperamento semelhante ao do pai, Uday estava destinado a ser seu sucessor até ter sofrido uma tentativa de assassinato, em 1996, que o deixou parcialmente paralisado e o impede de realizar várias atividades. Desde essa época, seu irmão Qusay assumiu o papel de herdeiro. Bush exigiu a saída dos dois do poder. A Casa Branca definiu o gesto de Saddam como "seu erro final". O porta-voz Ari Fleischer repetiu que os EUA vão invadir o Iraque, não importa o que aconteça. "Se Saddam partisse, ainda assim as forças dos EUA, as forças da coalizão, entrariam no Iraque. Esperamos que o Exército iraquiano não dê ordens de atirar e elas possam ingressar lá pacificamente, para desarmar o Iraque." A Casa Branca informou que o prazo final para o exílio de Saddam se esgota às 22h15 desta quarta-feira (pelo horário de Brasília; 4h15 de quinta-feira, em Bagdá). O governo iraquiano havia informado que o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, estava a caminho de Bagdá e seu avião já havia ingressado no espaço aéreo do Iraque. A Liga Árabe repudiou o ultimato de Bush, mas anunciou que Moussa decidiu não ir Bagdá. A entidade negou que Moussa tivesse planos de pedir que Saddam se exilasse.

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