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Saddam será executado em poucos dias, diz jornal

Segundo o Al-Hayat, o ex-ditador irá à forca na Zona Verde, onde se localizam a sede do novo governo iraquiano e as embaixadas de EUA e Grã-Bretanha

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente iraquiano Saddam Hussein será executado "em poucos dias" no interior da Zona Verde, no oeste de Bagdá, informou nesta quinta-feira o jornal árabe internacional Al-Hayat, que cita fontes governamentais iraquianas. "A forca está já preparada em um lugar no interior da Zona Verde", onde se localizam a sede do novo governo iraquiano e as embaixadas de Estados Unidos e Grã-Bretanha, disseram as fontes, segundo o jornal. O Tribunal de Cassação iraquiano ratificou na terça-feira passada a sentença de morte contra o ex-ditador pela execução de 148 xiitas iraquianos, após uma suposta tentativa de assassinato de Saddam na aldeia de Dujail, em 1982. Além disso, Barzan al-Tikriti, meio-irmão de Saddam, e o ex-juiz Awad al-Bandar foram condenados à morte no mesmo julgamento, enquanto outros quatro de seus ex-assessores receberam penas entre 15 anos e prisão perpétua. Segundo as fontes, as autoridades irão declarar o toque de recolher em Bagdá e em outras províncias do Iraque antes de aplicar a sentença para evitar possíveis atentados. Advogados Ahmet Essadik, um dos advogados de Saddam foi mais preciso, e afirmou que o ex-ditador pode ser executado no dia 2, antes de os democratas assumirem o controle do Congresso dos Estados Unidos. "A meu ver, a execução poderia acontecer em 2 de janeiro. Depois, será mais difícil, porque os democratas americanos, agora majoritários (no Legislativo), assumirão seus cargos em 3 de janeiro", indicou Essadik ao jornal francês Le Parisien. O advogado, que advertiu que a execução de Saddam provocaria "a anarquia geral no Iraque", afirmou que "só a pressão da comunidade internacional" sobre a Administração de George W. Bush poderia evitar o enforcamento do deposto presidente iraquiano. O principal advogado de Saddam, Khalil al-Dulaimi, fez um apelo aos Estados Unidos nesta quinta para que o país não entregue o ex-presidente às autoridades iraquianas antes de sua execução, por se tratar de um "prisioneiro de guerra". "Eu faço um apelo a todas as organizações legais e internacionais, ao secretário-geral da ONU, à Liga Árabe e a todos os líderes do mundo para evitar rapidamente que a administração americana entregue o presidente às autoridades iraquianas", disse al-Dulaimi à Associated Press. Segundo ele, "de acordo com as convenções internacionais, é proibido entregar um prisioneiro de guerra a seu adversário". Um oficial próximo ao primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, afirmou que Saddam vai permanecer em uma prisão militar americana até que seja entregue às autoridades iraquianas no dia de sua execução. Saddam Hussein, detido em dezembro de 2003, poucos meses depois da queda de seu regime, havia solicitado durante o julgamento que, se condenado à morte, fosse executado por fuzilamento e "não na forca como os criminosos". O ex-ditador dirigiu na quarta-feira através de seus advogados uma mensagem aos iraquianos na qual pedia para que eles permaneçam unidos, sejam tolerantes e evitem o ódio aos demais. Carrasco Centenas de iraquianos se ofereceram para ser o carrasco do ex-presidente Saddam Hussein, segundo informações dadas nesta quinta-feira pelo jornal britânico The Times. Segundo fontes do governo citadas pelo jornal, vários pedidos, vindos de várias partes do mundo, de pessoas se oferecendo para executar Saddam foram enviados por e-mail ao gabinete do primeiro-ministro iraquiano. O Times diz que Maliki também foi procurado por oficiais do governo "que gostariam de colocar a corda no pescoço de Saddam". O repórter do Times em Fallujah, Ned Parker, diz que vários funcionários do ministério da Justiça estão com medo de serem envolvidos na execução por temer represálias. Os voluntários para a execução seriam pessoas que tiveram parentes mortos pelo regime de Saddam. Vaticano Um alto oficial do Vaticano condenou a sentença de morte contra Saddam em uma entrevista a um jornal publicada nesta quinta, admitindo os crimes do líder iraquiano deposto, mas reiterou que a punição capital vai contra os ensinamentos da Igreja Católica Romana. O cardeal Renato Martino, o representante do papa Bento XVI para questões judiciais e antigo embaixador do Vaticano na ONU, disse que a execução de Saddam puniria "um crime com outro crime" e demonstrou esperanças de que a sentença não seja cumprida. Na entrevista concedida ao diário romano La Repubblica, Martino reiterou a firme oposição do Vaticano à pena de morte, dizendo que a vida deve ser assegurada de seu começo até seu fim "natural". Matéria alterada às 12h08 para acréscimo de informações

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