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Saiba mais sobre Bob Woodward, o cronista dos presidentes americanos 

Seu conhecimento sobre o funcionamento do poder em Washington é incomparável, e sua capacidade de respaldar qualquer história que publique lhe valeu o respeito relutante do establishment político americano

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Quase meio século depois do escândalo de Watergate, o jornalista Bob Woodward segue atuante, em primeiro plano e abalando os presidentes dos Estados Unidos

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Suas reportagens como jornalista do Washington Post sobre o caso Watergate derrubaram Richard Nixon na década de 70. Agora, o último livro de Woodward, de 77 anos, Rage (Raiva, na tradução livre), mexe com Donald Trump a menos de dois meses para as eleições presidenciais de 3 de novembro. 

Em uma entrevista oficial a Woodward,Trump admite que minimizou a ameaça do novo coronavírus no ínicio de uma pandemia que já tirou a vida de quase 200 mil pessoas nos Estados Unidos. "Sempre quis minimizar", disse Trump em uma conversa com Woodward."Ainda gosto de minimizar, porque não quero criar pânico."

Em 2010, livro de Bob Woodward revelou bastidores do governo Obama; ele também escreveu sobre a gestão de George W. Bush Foto: DON EMMERT / AFP

O republicano também disse ao jornalista que, desde o início, entendeu que o vírus era algo mortal e muito mais perigoso do que uma gripe comum. Ao mesmo tempo, se dirigia aos seus cidadãos assegurando que a covid-19 simplesmente desapareceria. 

Em uma entrevista ao programa da CBS, 60 Minutes, Woodward descreveu como uma tragédia o fato de o presidente não informar aos americanos desde o início sobre quão mortal era o vírus. "O presidente dos Estados Unidos tem o dever de advertir", disse ele. "O público vai entender. Mas se tiver a sensação de que não está recebendo a verdade, então irá pelo caminho do engano e encobrimento." 

Watergate  

Woodward estudou na Universidade de Yale e serviu por cinco anos na Marinha dos Estados Unidos antes de se voltar para o jornalismo. Quando se apresentou ao Post pela primeira vez, foi rejeitado por falta de experiência. 

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Depois de uma passagem por um jornal local nos subúrbios de Washington, o jornalista conseguiu sua oportunidade no Post em 1971.

Com apenas um ano de experiência em jornalismo, Woodward conheceu a história de sua vida com seu colega Carl Bernstein, o roubo em 1972 dos escritórios do Partido Democrata no complexo Watergate de Washington. Sua investigação, agora clássica, gerou uma série de audiências no Congresso e levou à renúncia de Nixon em 1974.

O livro 'Rage', do jornalista Bob Woodward Foto: Jim Lo Scalzo/EFE

Ambos os jornalistas escreveram o best-seller All The President's Men (Todos os Homens do Presidente), sobre o escândalo que se tornou um filme de sucesso em 1976, estrelado por Robert Redford como Woodward e Dustin Hoffman como Bernstein.

Rage já está no topo da lista de mais vendidos da Amazon antes mesmo de ser lançado, em 15 de setembro.

Longe do jornalismo de contingência diária, Woodward publicou 20 livros, incluindo trabalhos autorizados por Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump.

Seu conhecimento sobre o funcionamento do poder em Washington é incomparável, e sua capacidade de respaldar qualquer história que publique lhe valeu o respeito relutante do establishment político americano.

Mistério 

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Por quê Trump concordou em participar de mais de uma dúzia de entrevistas oficiais com Woodward é um grande mistério, principalmente depois que seu livro anterior retratou o magnata sob uma ótica nada lisonjeira. Fear: Trump in the White House (Medo: Trump na Casa Branca) publicado por Woodward em 2018, retratou um líder furioso e paranoico na Casa Branca. 

O senador Lindsey Graham, um aliado próximo de Trump, disse ao Daily Beast que havia recomendado que o presidente conversasse com o repórter.  "Eu disse a ele, o cara é um conhecido autor presidencial. E você sabe, você tem a chance de contar o seu lado da história. O presidente concordou e aí está", relatou. 

Livro "Medo: Trump na Casa Branca" foi produzido pelo jornalista Bob Woodward. Foto: AP Photo/Mark Lennihan

Woodward, que mantém o título de editor associado honorário do Post, embora não escreva mais para o jornal, foi criticado por esconder detalhes de suas entrevistas com o republicano.  "Bob Woodward teve minhas declarações por muitos meses", escreveu Trump em seu Twitter. 

Woodward disse que seu compromisso é entregar "a melhor versão possível da verdade" na forma de livro e com contexto e checagem de fatos adequados.  "O maior problema que tive, que é sempre um problema com Trump, é que não sabia se era verdade", finalizou o jornalista./AFP

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