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Saiba quem são os principais líderes da extrema direita na Europa

Em meio aos resultados parciais da eleição do Parlamento Europeu, líderes de diferentes países medem suas forças na nova concepção e buscam novas alianças com discursos nacionalistas e euroceticistas

Por Carla Bridi
Atualização:

Uma possível junção dos partidos de extrema direita da União Europeia em um novo bloco eurocético no Parlamento Europeu deixou de ser uma possibilidade nesta quarta-feira, 5, quando os líderes dos partidos nacionalistas da Polônia e do Reino Unido desistiram da aliança com o partido italiano de extrema direita, Liga. 

Apesar de as coalizões de extrema direita terem obtido até o momento o melhor desempenho nas eleições desde a criação do parlamento - com 174 cadeiras - os partidos estão espalhados em diferentes grupos, que não possuem todas as pautas em comum. 

Sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, na Bélgica Foto: Yves Herman/Reuters

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As eleições para o Parlamento Europeu acontecem a cada cinco anos e o número total de deputados eleitos, além das cadeiras dadas a cada País variam de ano a ano. Os partidos de cada país devem se misturar com aqueles de outras nações formando coalizões, que devem ter no mínimo 25 deputados eleitos em sete Estados-membro. 

A extrema direita, espalhada em três coalizões diferentes - umas mais e outras menos extremistas - tem ganhado popularidade desde o último pleito com discursos nacionalistas, cada uma em prol da independência econômica, tributária e judicial de seus países. O discurso foi apelidado de euroceticismo - ceticismo de que o bloco da União Europeia continue unido e funcionando, potencializado pelo Brexit no Reino Unido. 

Confira quem são os principais líderes da direita nacionalista na Europa

França: Marine Le Pen

Marine Le Pen é uma das principais líderes da extrema direita na Europa Foto: Robert Pratta/Reuters

Presidente do partido de extrema direita Reunião Nacional e fundadora da coalizão parlamentar mais extremista do Parlamento Europeu, o Grupo Europa das Nações e da Liberdade (ENL), seu partido foi o mais votado na França nas eleições parlamentares deste ano, com 23,3% dos votos, o equivalente a 22 cadeiras. Entretanto, em comparação com o restante do continente, os deputados do grupo ENL correspondem somente a 7,7% do Parlamento, com 58 cadeiras no total. 

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Filha do político francês Jean Marie Le-Pen, Marine foi candidata à presidência da França em 2012 e 2017, saindo derrotada em ambas as vezes. Em 2015, ela chegou a expulsar o próprio pai do partido, na tentativa de buscar uma imagem menos extremista da dele, que sempre fora antissemita e negacionista. Mesmo assim, a ENL faz parte da corrente eurocética, que defende a dissolução do bloco e a retomada da independência dos países europeus e de suas fronteiras, a fim de evitar as ondas imigracionistas. 

O partido de Le Pen acabou elegendo somente um parlamentar a mais do que o partido do atual presidente Emmanuel Macron, que derrotou Le Pen em 2017. Apesar de ser uma vitória significativa para sua moral política na França, a coalizão ELN tem pouca representação no Parlamento e apresenta dificuldades para formar um novo grupo.

Itália: Matteo Salvini 

Salvini quer que a Ligaajude a reduzir os poderes da União Europeia sobre os países-membros. Foto: Alessandro Bianchi / Reuters

Principal parceiro de Le Pen na eleição de 2019, Matteo Salvini é o vice primeiro-ministro da Itália e presidente da Liga, partido de extrema direita também associado à ENL. Seu partido foi o mais votado no País, com 34,3% dos votos, o equivalente a 28 cadeiras. 

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Foi Salvini o responsável pela ascensão da Liga, antes apelidada de "Liga Norte", que defendia a autonomia da região norte da Itália, gerando separatismo dentro do próprio País. Com a mudança do nome e do discurso assim que ele assumiu a presidência do partido, em 2013, a Liga conquistou o terceiro melhor resultado nas eleições gerais de 2018, rendendo a Salvini o posto de vice primeiro-ministro. Suas divergências com o atual primeiro-ministro, Giuseppe Conte, do partido Movimento 5 Estrelas, derrotado pela Liga no parlamento, gerou ameaça de renúncia de Conte e convocação de novas eleições nacionais

O ex-parlamentar e ex-senador da Itália é o principal articulador dos partidos nacionalistas para a formação de uma nova coalizão no Parlamento, em conjunto com a Itália e a Alemanha. Era de se esperar que suas bandeiras, como o euroceticismo, a abolição do Euro e maiores restrições à imigração unificassem os partidos, porém a Polônia e a Húngria deram um passo para trás por causa das relações amigáveis de Salvini com a Rússia. 

Reino Unido: Nigel Farage

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Nigel Farage, um dos principais responsáveis pelo Brexit. Foto: REUTERS/Neil Hall

Nigel Farage está à frente do partido com maior destaque nas eleições parlamentares de 2019, o Partido Brexit. Criada em janeiro de 2019, a sigla liderou os votos no Reino Unido apenas meses depois, com 30,7%, o equivalente a 29 cadeiras no Parlamento. O Partido Brexit, entretanto, faz parte da coalizão Grupo Europa da Liberdade e da Democracia Direta (EFDD), com ainda menor representação no Parlamento do que a ENL: 7,1%. No espectro ideológico, a EFDD é menos extremista do que a ENL. 

O Parlamentar comandou durante seis anos um outro partido de direita do Reino Unido, o Partido de Independência do Reino Unido (UKIP). Foi através do partido que o referendo a favor da saída do Reino Unido da Europa, o Brexit, se consolidou. À época, Farage anunciou que seus "objetivos políticos" haviam sido alcançados com o feito, porém tensões internas dentro do partido o fizeram partir, fato comemorado pelos seus adversários. O UKIP não conseguiu eleger nenhum parlamentar nas eleições recentes, perdendo completamente sua força política, que migrou com Farage para o Partido Brexit. 

Como diz o próprio nome do partido, o líder da extrema direita tem discurso nacionalista e separatista, além de anti-imigração. Apesar de seus ideias convergirem com as de Le Pen e Salvini, o Reino Unido está em processo de saída da União Europeia; talvez por esse motivo Farage tenha dado um passo atrás em se juntar a nova coalizão movimentada pela França e Itália, mesmo permanecendo no Parlamento Europeu até a saída definitiva do bloco.