
18 de abril de 2016 | 19h43
PARIS - Diante da proximidade do plebiscito sobre a manutenção da Grã-Bretanha na União Europeia, o governo de David Cameron divulgou nesta segunda-feira, 18, uma nova estimativa do impacto financeiro que o "Brexit" - contração de "British" e "exit" - terá sobre a economia da ilha. Caso a desassociação seja confirmada, a perspectiva é de um recuo da ordem de 6% do PIB até 2030, com perdas de 4,3 mil libras (R$ 22,9 mil) por família por ano.
E a perda só não seria maior, segundo o secretário do Tesouro, George Osborne, porque Londres conta com a possibilidade de assinar um acordo de livre comércio com a UE nos moldes do que vem sendo negociado entre a Europa e os Estados Unidos. Para Osborne, a queda da renda seria permanente, e não temporária. "Para a economia britânica, deixar a União Europeia equivaleria a automutilar-se", argumentou. "O país seria empobrecido para sempre."
O diagnóstico foi feito no momento em que pesquisas de opinião realizadas na Grã-Bretanha indicam uma opinião pública dividida entre ficar ou abandonar o bloco. Sondagem do instituto What UK Thinks apontou que, entre as pessoas que afirmam ter definido o voto, há um empate de 50% a favor e 50% contra.
Os prognósticos incertos fizeram com que o governo Cameron se mobilize, embora tenha sido o próprio primeiro-ministro que teve a ideia de convocar o plebiscito, que se revelou uma armadilha política e uma ameaça a seu futuro como chefe de governo. Para Osborne, fiel escudeiro do premiê, o Brexit provocaria "um choque econômico violento e uma real instabilidade a curto prazo", que teria repercussões diretas na renda da população.
"As famílias britânicas pagarão um pesado custo econômico", advertiu o secretário, que estimou em 36 bilhões de libras, ou R$ 183,4 bilhões, as perdas do Tesouro em razão da perda de performance econômica, causada em especial pela queda de trocas comerciais.
Com os números do impacto econômico do Brexit, Cameron e Osborne esperam neutralizar a campanha de líderes de sua própria legenda, o Partido Conservador, como o prefeito de Londres, Boris Johnson, favoráveis ao divórcio entre Grã-Bretanha e UE. Para tanto, o chefe de governo tem o apoio de líderes empresariais da City, o centro econômico e financeiro do país, e recebeu agora a adesão do líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, que até aqui se mostrava crítico a Bruxelas. Para o trabalhista, a UE protege o poder econômico das famílias britânicas, e por isso a parceria deve ser mantida.
O plebiscito acontecerá em 23 de junho e será o segundo da história do país a respeito do mesmo tema. O primeiro aconteceu em 1975, com vitória da adesão à União Europeia.
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