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Saída de tropas do Haiti pode ser este ano, diz Alencar

Por Agencia Estado
Atualização:

Após participar da cerimônia de honras fúnebres pela morte do general Urano Teixeira da Matta Bacellar, na Base Aérea de Brasília, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, disse que sua expectativa é que os soldados brasileiros saiam do Haiti ainda este ano, se a situação do país se normalizar após as eleições. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu com uma certa dose de ironia às declarações do vice-presidente, dizendo que as interpretava como uma "manifestação de otimismo sobre os acontecimentos no Haiti". Amorim ressaltou que todas as decisões sobre o tema são tomadas em conjunto pelas várias áreas do governo envolvidas na questão. Alencar insistiu que "não é o momento" de se questionar a missão que está sendo cumprida pelas tropas brasileiras e salientou que o general brasileiro que assumirá o cargo em Porto Príncipe cumprirá o mandato de um ano do ex-comandante da força de paz, que assumiu o posto em 31 de agosto. "Temos de cumprir o nosso dever até o fim", declarou Alencar. "A missão está voltada para trabalhar no sentido de que se consolide a democracia. As eleições estão marcadas para 7 de fevereiro e ainda poderá haver um segundo turno", comentou Alencar. "Então, acredito que até março eles tenham já um presidente eleito e é natural que as Forças fiquem por mais algum tempo até que o novo governo organize o país para que haja segurança e manutenção da paz e da ordem", prosseguiu. Ao ser indagado se a expectativa é que os militares brasileiros deixem o Haiti ainda este ano, Alencar respondeu: "Ah, sim." O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, que homenageou o morto em nome do presidente Luiz Inácio Lula Silva, discursou dizendo que a força cumprirá sua missão no Haiti, como todas as missões que recebem. "Não nos abateremos. Pelo contrário.Sentimo-nos fortalecidos em nossa vocação de guerreiros da paz", afirmou. O vice-presidente reconheceu que "infelizmente" as informações confirmam a versão de que o general Bacellar se suicidou. Alencar disse ainda que não há indicação de que ele tenha deixado algum bilhete para a família sinalizando seu gesto. Apesar de tentar passar a imagem de que não há nenhuma rusga entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa, fontes do gabinete de Amorim deixaram claro hoje que o governo somente trará de volta os soldados brasileiros do Haiti quando houver essa determinação do Conselho de Segurança da ONU. A rigor, essa decisão somente seria adotada pelo CS quando o novo governo haitiano que, em princípio, será eleito até o final de março, conseguir normalizar as condições de segurança do país - algo que deverá demorar mais tempo que o imaginado por Alencar. Ainda assim, o Itamaraty considera que o Conselho se valerá, no Haiti, da mesma fórmula aplicada no Timor Leste. Ou seja, de uma retirada gradual das tropas da Missão de Estabilização das Nações Unidas do Haiti (Minustah), e não uma saída abrupta.

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