ROMA – O ministro do Interior e vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, declarou guerra à maconha e anunciou o fechamento de três lojas de produtos derivados da cannabis na quinta-feira, 9. O atual governo italiano é composto por uma coalizão de dois partidos com quase nada em comum, e a questão opõe a Liga, partido de Salvini, ao Movimento 5 Estrelas (M5S), do premiê Giuseppe Conte. A questão é levantada em meio à corrida para o Parlamento Europeu, com eleições neste mês.
O líder da Liga quer fechar outras lojas, incluindo as que vendem legalmente itens derivados da maconha com THC (Tetraidrocanabinol) dentro do limite legal de 0,2%. A chamada “maconha light” é permitida na Itália desde janeiro de 2017, o que deu impulso à abertura de estabelcimentos em toda a península.
"A droga faz mal, se for preciso legalizar ou liberalizar alguma coisa, melhor a prostituição, uma vez que o amor faz sempre bem, principalmente de maneira protegida e controlada", declarou Salvini. Por sua vez, o Movimento 5 Estrelas tem um projeto para legalizar o cultivo e a venda de maconha.
Matteo Mantero, deputado do M5S, propôs em janeiro seguir os passos de países como Uruguai e Canadá e legalizar a produção para uso pessoal e recreativo. À época, o líder do partido, Luigi Di Maio, chamou a iniciativa de “uma boa ideia”.
"Não vejo motivo para fechar as lojas. O Estado deve estar próximo às pequenas e médias empresas", criticou o vice de Salvini no Ministério do Interior, Carlo Sibilia, do M5S. Já a ministra da Saúde Giulia Grillo, também do movimento, disse que os negócios de "cannabis light" não vendem droga. Um dos pontos do partido sobre a descriminalização são as máfias e seu papel no tráfico ilegal.
Em contrapartida, Salvini pretender fechar o cerco contra a maconha: "A partir de hoje, começa uma guerra rua por rua, loja por loja, bairro por bairro, cidade por cidade", acrescentou. O ministro define esses estabelecimentos como "pontos turísticos da maconha" e os acusa de vender cannabis com níveis de THC acima do permitido por lei.
Uma pesquisa online do serviço de televisão Sky G 24 no final do ano passado apontou que os italianos são amplamente favoráveis a uma política mais relaxada no uso recreativo da droga. No próximo sábado, 11, Roma receberá uma grande manifestação de defensores da erva, que alegam que a legalização é a melhor maneira de combater o tráfico de drogas. Atualmente, o cultivo da planta é proibido na Itália até mesmo para fins terapêuticos.
Nesta sexta-feira, 10, a duas semanas das eleições europeias, no último dia permitido para sondagens, as pesquisas indicam que a Liga segue como o primeiro partido, mas parou de registrar crescimento. O partido tem mais de 30% das intenções de votos, enquanto que o Movimento 5 Estrelas se recuperou, e se situa entre 23% e 25%, seguido pelo Partido Democrático (PD), com entorno de 20% do eleitorado. / BLOOMBERG e ANSA