MILÃO, Itália - O ministro do Interior italiano e líder da Liga, Matteo Salvini, enfrenta obstáculos em seu pedido por novas eleições feito após o rompimento entre seu partido e o Movimento 5 Estrelas (M5E), que atuavam em coalizão no governo.
A crise teve início na quarta-feira após divergências em votação no Senado sobre o projeto de uma linha de trem de alta velocidade entre Itália e França. No dia seguinte a votação, Salvini disse que o governo acabou e pediu novas eleições. “Já não há maioria no governo (...), demos nossa palavra aos eleitores”, anunciou em comunicado.
Na sexta-feira, a Liga apresentou uma moção censura contra o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, do M5E.
Com o rompimento, o Senado deve se reunir para oficializar a queda do governo, segundo a agência italiana AGI. Nesse caso, o Parlamento seria dissolvido em alguns dias e novas eleições seriam convocadas no prazo entre 50 e 70 dias, conforme a Constituição da Itália.
Entretanto, a proposta está enfrentando críticas de outros partidos, cujo suporte no Parlamento será necessário para que a moção de censura da Liga seja aprovada.
O ex-líder do Partido Democrático, Matteo Renzi, que ainda detém influência sobre a legenda de centro-esquerda, disse, neste domingo, 11, que realizar novas eleições quando o governo está prestes a começar os preparativos para o Orçamento de 2020 seria “loucura”.
Em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera, Renzi pediu que fosse instalado um governo provisório com o suporte de legendas de todo o espectro político.
A primeira tarefa desse governo seria evitar um aumento nos impostos sobre vendas, previsto para vigorar a partir de janeiro. “Nós vamos voltar às urnas, é claro. Mas as poupanças dos italianos devem vir em primeiro lugar”, disse Renzi.
O líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, também disse no domingo que gerar uma crise no governo agora seria “insensato e perigoso”.
Apesar das divergências entre o M5E e o Partido Democrático, a imprensa italiana tem falado sobre uma aproximação para frustrar os planos de Salvini, que lidera as pesquisas de intenção de voto.
No entanto, a ideia de um governo provisório não é consenso. Em entrevista à TV estatal, o líder do Partido Democrático, Nicola Zingaretti, disse não acreditar que a proposta de Renzi funcione./ Reuters