Sanções afetam setor petrolífero do Irã, diz Opep

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Por TEERÃ
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A produção de petróleo iraniana, espinha dorsal da economia da república islâmica, caiu 12% nos primeiros 3 meses do ano e deve contrair ainda mais, afirmam especialistas do setor, pois as sanções tornam cada vez mais difícil para o país encontrar mercados para seu petróleo. O declínio documentado num relatório divulgado em maio pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), está totalmente em desacordo com os dados fornecidos pelo Ministério do Petróleo do Irã, que não registram nenhuma mudança importante na produção em relação ao ano passado. Mas a queda está acelerando a tal ponto que, se a tendência persistir, o Irã poderá perder sua posição de segundo maior produtor de petróleo do mundo para o Iraque, em junho de 2013, de acordo com informações da organização. Com uma segunda reunião marcada para a próxima semana em Bagdá, para discutir o programa nuclear iraniano, os negociadores ocidentais esperam que esses novos sinais de dificuldades no setor petrolífero iraniano resultem numa maior flexibilidade do Irã na mesa de negociações. Relutando em cortar a produção, que pode prejudicar de modo permanente seus campos de petróleo, as autoridades iranianas estão estocando o produto em excesso em enormes petroleiros ancorados nos principais terminais petrolíferos do país no Golfo Pérsico, informou a Agência Internacional de Energia, plataforma dos países consumidores de petróleo. Embora dados exatos não sejam disponíveis, analistas do setor dizem que se o Irã usar sua frota inteira de 39 navios poderão ser estocados 80 milhões de barris do produto, ou aproximadamente 25 dias de produção nos níveis atuais. No momento, 40% dessa capacidade foi usado, embora 12 novos super petroleiros devam ser entregues este mês pela China. Com uma produção de mais de 3 milhões de barris diários, o Irã ainda é o segundo maior produtor de petróleo da Opep, depois da Arábia Saudita. Mas os níveis de produção vêm declinando gradativamente há anos, afetados pelas sanções que privaram o setor de peças sobressalentes e novos investimentos. Agora, o problema mais imediato é a ausência de compradores, depois das novas sanções dirigidas às instituições financeiras e as pressões do governo Barack Obama contra fiéis clientes do Irã, como Índia, China e países do Sudeste Asiático. "Não estamos vendendo tanto quanto antes e o uso de equipamento obsoleto está tendo efeitos negativos", disse Reza Zandi, especialista do setor, escrevendo para o jornal Shargh, crítico do governo. "Claramente isso não está atendendo os interesses do Irã". / THE NEW YORK TIMES

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