12 de agosto de 2010 | 08h21
LONDRES - As sanções ocidentais contra o regime do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, não fizeram mais do que fortalecê-lo, analisa Mehdi Karroubi, ex-candidato presidencial da oposição no país islâmico, em entrevista publicada nesta quinta-feira, 11, no jornal britânico The Guardian.
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Karroubi explica que as medidas adotadas por EUA, Reino Unido e outros países foram "uma desculpa do governo iraniano para reprimir a oposição, quem culpa pela instabilidade no país".
Segundo o opositor, ex-presidente do Majlis (Parlamento) no governo do presidente reformista Mohammad Khatami e rival de Ahmadinejad nas eleições do ano passado, o isolamento do Irã não vai devolver a democracia ao povo. "Olhem para Cuba ou a Coreia do Norte. As sanções levaram esses povos à democracia?", questiona.
Para ele, as sanções só serviram para castigar "as classes sociais mais vulneráveis, incluídos operários e agricultores". "Por um lado a má gestão da economia pelo governo provocou uma profunda recessão e um aumento da inflação, o qual representou o fechamento de inúmeros fábricas, e por outro temos sanções, que fortalecem ao Governo ilegítimo", acrescentou.
Apesar das medidas repressivas do governo contra a oposição, Karroubi sustenta que o movimento verde não foi derrotado pelo regime. Ele afirma que tenta manter-se na oposição, sobretudo mediante reuniões semanais com Mir Hossein Mousavi, que foi candidato às últimas eleições presidenciais.
Desde as eleições passadas seu escritório foi fechado, assim como seu jornal, Etemad-e-Melli, e ele mesmo está sob prisão domiciliar embora não oficialmente. Aonde quer que vá, é seguido por partidários do governo. Às vezes, acompanhado por milicianos à paisana. "No último ano, tentaram me reprimir de várias maneiras. Em uma ocasião, no aniversário da revolução islâmica, fui agredido fisicamente, preso e meu filho foi torturado", diz.
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