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São 15 os mortos em explosão de ônibus em Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

Um suposto militante palestino detonou explosivos atados a seu corpo a bordo de um ônibus lotado nesta quarta-feira, suicidando-se e causando a morte de pelo menos outros 15 passageiros. Outras 55 pessoas ficaram feridas no atentado, que encerrou um período de dois meses sem que tivesse ocorrido nenhum atentado suicida, e espalhou destroços ensangüentados pelas ruas de um bairro próspero de Haifa. A polícia de Haifa identificou o militante como Mahmoud Hamdan Kawasme, de 20 anos, proveniente de Hebron. Segundo os policiais, o acusado levava uma carta na qual elogiava os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos. No entanto, a polícia não explicou como a carta saiu intacta da poderosa explosão que deixou 16 mortos e destruiu o ônibus. Não se sabe se Kawasme era filiado a algum grupo extremista. A força da explosão abriu o teto do ônibus como se fosse uma lata de conservas, estilhaçou as janelas de prédios de três andares e derrubou árvores próximas. O atentado suicida ocorre dias após o estabelecimento de um novo governo israelense, dominado pelos conservadores e que prometeu ampliar sua ofensiva contra supostas fortalezas do grupo islâmico Hamas, na Faixa de Gaza. Dezenas de palestinos - inclusive pelo menos 10 civis - foram assassinados nas últimas duas semanas em meio às operações militares israelenses. O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, convocou uma reunião ministerial na noite de hoje para discutir o atentado contra Haifa. "Ouvi de repente uma explosão", disse o motorista de ônibus Marwan Damouni, um árabe israelense internado num hospital. "Tentei me mexer para ver se havia feridos. Não conseguia ouvir nada por causa da força da explosão." O ônibus número 37 parou no bairro Carmelia às 14h17 e abriu a porta para permitir a saída de alguns passageiros. Autoridades locais comentaram que, pelo horário, o ônibus deveria estar repleto de alunos da Universidade de Haifa, situada nas proximidades. A bomba era de "médio porte", mas foi recheada de pedaços de metal para causar mais destruição, disse Shlomo Aharonishki, comissário da polícia israelense. Peritos da polícia investigariam o local, mas relatos iniciais referem-se à utilização de 60 kg de explosivos, o que faria deste um dos mais potentes ataques contra alvos israelenses. Além do militante suicida, pelo menos 10 pessoas morreram na hora. Outras cinco vítimas morreram mais tarde no hospital, informou policiais e equipes de resgate. Dezenas de pessoas sofreram ferimentos graves, inclusive alguns pedestres. Ovadia Saar, que dirigia um outro ônibus que vinha logo atrás do veículo atacado, contou ter visto "a traseira do ônibus descolar do chão, as janelas explodirem e uma grande nuvem de fumaça recobrir o ônibus". "Eu saí e corri na direção do ônibus. Foi uma visão terrível. Havia alguns corpos na rua", relatou. "Aqueles que percebíamos que estavam respirando nós tentávamos socorrer." Até o momento, nenhum grupo islâmico assumiu a autoria do atentado, que ocorre num momento no qual o novo governo linha dura israelense amplia sua ofensiva contra militantes do Hamas em Gaza e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) estuda a adoção de amplas reformas. A polícia israelense entrou em alerta em todo o país devido aos temores de que outros ataques poderiam ocorrer, informou a imprensa local. No passado recente, Israel reagiu com duras ações militares contra ataques como este e atribuiu a responsabilidade ao presidente da ANP, Yasser Arafat, acusando-o de "nada fazer" para evitar atentados. "Mais uma vez, a mão bestial do terrorismo palestino atacou o coração de Israel", disse Mark Sofer, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Estado judeu. Segundo ele, durante os últimos dois meses, as forças israelenses reprimiram quase 100 tentativas de ataque. O ministro palestino Saeb Erekat também condenou a ação. "Rejeitamos qualquer ataque contra civis, sejam eles israelenses ou palestinos." Mas acrescentou: "Rechaçamos também o dedo acusador do governo israelense, de que a Autoridade Palestina é a responsável." Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, apressou-se em denunciar o atentado e garantir que os "terroristas não prevalecerão na região". "O presidente condena nos termos mais fortes o ataque contra inocentes ocorrido hoje em Israel", disse o secretário de Imprensa da Casa Branca, Ari Fleischer. "Sua mensagem aos terroristas é a de que seus esforços serão em vão." O chanceler britânico, Jack Straw, pediu a israelenses e palestinos que trabalhem na direção da paz para que eventuais atentados sejam evitados no futuro. A explosão em Haifa é o primeiro atentado suicida contra Israel desde 5 de janeiro, quando dois militantes islâmicos suicidaram-se em Tel-Aviv e mataram outras 23 pessoas. Este foi o primeiro ataque contra a cidade em 11 meses. Em abril passado, a explosão de um ônibus deixou oito mortos. Haifa é conhecida pela coexistência pacífica entre árabes e judeus. Desde o início do atual levante palestino, 2.160 pessoas morreram no lado palestino e 743, no israelense. A segunda intifada começou em 28 de setembro de 2000, após uma visita do hoje primeiro-ministro Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas - um local de Jerusalém sagrado para judeus e muçulmanos - para reivindicar a soberania de Israel sobre o lugar.

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