'São desterrados, e não libertados', dizem dissidentes

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Em meio à atmosfera de euforia pela chegada dos dissidentes a Madri, cubanos que já enfrentam o exílio na Europa advertiram para o que consideram uma manobra diversionista de Fidel e Raúl Castro. Para eles, ao libertar seus oponentes o regime repete a tática antiga de tentar reconquistar a simpatia internacional, sem que inicie um processo de abertura. Para Zoe Valdéz, escritora cubana que vive no exílio em Paris, a soltura dos prisioneiros não representa uma libertação completa. "É um grande dia para a liberdade, mas, ao mesmo tempo, uma liberdade que não é completa. É um desterro", afirmou. "Para a abertura isso não significa nada. Nestes 40 anos, cada vez que pode, o regime livra-se de seus dissidentes. E sempre em troca de algo."Blanca Reyes, líder na Europa do grupo Damas de Blanco e mulher do dissidente Raúl Rivero, preso há seis anos na ilha, compartilha do ceticismo. "O regime está há 50 anos pensando pelo povo. Já está na hora que se termine." Zoe e Blanca alertaram para a dificuldade que os novos exilados enfrentarão. "São desterrados, não libertados. Tiveram de sair de suas casas e ser instalados em casas alheias, como se fossem criminosos", definiu Blanca, cujo pai, de 97 anos, "está morrendo" em Cuba sem que as autoridades de seu país lhe permitam visitá-lo. / A.N.

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