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"Sapato-bomba" faria atentado, diz FBI

Por Agencia Estado
Atualização:

Os exames preliminares realizados pelo FBI (polícia federal norte-americana) detectaram explosivos na sola dos sapatos do passageiro que teria tentado realizar, no sábado, um atentado em um Boeing 767 da American Airlines. O homem foi identificado pela polícia francesa - citando "dados fornecidos pelos EUA" - como Tariq Raja, de 28 anos, um cidadão muçulmano do Sri Lanka viajando com um passaporte falso britânico, com o nome de Richard Colvin Reid. "Pelo que observei, esse homem estava tentando pôr fogo em si mesmo e fazer o avião explodir. Temos muita sorte que isso não tenha ocorrido", comentou o senador Richard Shelby, membro do Comitê de Inteligência do Senado, que está em contato com a cúpula do FBI. Shelby disse que o FBI considera a hipótese de atentado suicida. O homem está sendo interrogado e provavelmente será apresentado à Justiça na quarta-feira. O vôo 63 da American Airlines, com 185 passageiros e 12 tripulantes, seguia o percurso Paris-Miami e teve de fazer um pouso de emergência no Aeroporto Internacional de Logan, em Boston, depois que uma aeromoça sentiu cheiro de enxofre, viu um fio saindo dos sapatos de Raja e ele "tentando pôr fogo" neles. O homem foi imediatamente dominado pela tripulação e vários passageiros e o aparelho, escoltado por dois jatos F-15 até Boston. O diretor do Aeroporto de Logan, Tom Kinton, informou que exames em equipamentos sofisticados de raio-X no calçado indicaram uma substância parecida com plástico C-4, um potente explosivo utilizado principalmente por militares e empresas de demolição, não detectável pelas máquinas comuns de revista nos aeroportos. Havia também algo parecido com um detonador. O C-4 foi usado por extremistas suicidas que atacaram o destróier USS Cole, em outubro de 2000, matando 17 marinheiros norte-americanos, no Iêmen. Se for C-4, o explosivo encontrado em buracos no salto do sapato de Raja seria suficiente para causar danos consideráveis ao aparelho. No entanto, há informações de que cães treinados para identificar o C-4 não reagiram ao cheirar a substância no calçado. Alguns funcionários do governo disseram que Raja podia simplesmente estar tentando acender um cigarro, contrariando a proibição de fumar a bordo. Não se sabe se ele tem ligação com algum grupo extremista, mas agentes de segurança observaram que membros da organização extremista Al-Qaeda costumam esconder partes de bombas nas solas dos sapatos. Somente hoje funcionários aeroportuários franceses revelaram que Raja havia tentado tomar o mesmo vôo no dia anterior. Ele foi interrogado por agentes de segurança "porque tinha um comportamento estranho". Seu passaporte "novinho", emitido havia apenas três semanas na Bélgica, levantou suspeitas, tanto que a polícia verificou se não constava como roubado. Além disso, ele não despachou bagagem, num vôo transatlântico, o que chamou a atenção dos seguranças do Aeroporto Charles De Gaulle. Retido pelos funcionários da American Airlines, Raja perdeu o vôo. No dia seguinte, porém, conseguiu embarcar normalmente, apesar das medidas de segurança máxima adotadas nos aeroportos franceses após os atentados nos Estados Unidos. As autoridades da França iniciaram uma investigação sobre o incidente. O vôo 63 deveria ter partido às 11h de Paris, mas atrasou meia hora por causa de uma greve de trabalhadores no Charles De Gaulle.

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