Sarkozy acusa imprensa de favorecer seus rivais

Presidente francês queixa-se também de lei eleitoral que impõe a obrigatoriedade de todos os candidatos terem o mesmo tempo de exposição na mídia

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Por ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Pressionado por pesquisas que lhe mostram em segundo lugar nas intenções de voto nas eleições ao Palácio do Eliseu, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, atacou ontem a imprensa, acusando-a de beneficiar o líder do Partido Socialista (PS), François Hollande, e os demais oito candidatos, que segundo ele estariam reunidos contra sua candidatura.Em comício, Sarkozy protestou ainda contra a legislação do país, que estabelece a igualdade do tempo de exposição na mídia, um dos fatores que, conforme especialistas, o prejudicam às vésperas do primeiro turno de domingo.Pela lei eleitoral da França, nas duas últimas semanas antes do voto, chamadas de "campanha oficial", emissoras de TV e de rádio são obrigadas a conceder o mesmo tempo a todos os candidatos. O resultado é que os dois favoritos, Hollande e Sarkozy, viram sua exposição reduzida em favor de candidatos que não chegam a 1% nas intenções de voto. Sarkozy fez sua queixa durante comício na cidade de Saint-Maurice, na grande Paris. De acordo com ele, os candidatos nanicos, quatro no total, roubam tempo de exposição dos representantes de grandes partidos. "Eu passo nos programas de TV em horários inacreditáveis, entre duas pessoas que eu nem mesmo conheço", protestou. "Quem são essas pessoas a quem dão um tempo extraordinário, mas que nunca vimos antes, nem veremos depois? Que forma curiosa de expressar a democracia, não?"Para o presidente, a eleição de 2012 vive uma distorção, porque todos os outros nove candidatos teriam como propósito tirá-lo do poder, o que teria transformado sua campanha em uma "provação". "É uma concepção extraordinária de igualdade: nove contra um", reclamou. Sarkozy também culpou a imprensa por seu desempenho. Ontem, pesquisa do instituto LH2 apontou mais uma vez a liderança de Hollande, com 27%, em empate técnico com o presidente, com 26,5%. No segundo turno, porém, o socialista vence com folga: 56% a 44%. Segundo ele, a imprensa da França quer a vitória do socialista e "veicula injúrias". "Quando penso que dizem que eu controlo a imprensa, o que seria de mim se não a controlasse", ironizou.Analistas ouvidos pelo Estado confirmaram que Sarkozy sofre com a exposição igualitária na TV. "Identificamos em várias pesquisas que ele tinha a campanha mais dinâmica. Mas a igualdade do tempo de exposição na TV lhe tira a possibilidade de se expor, o que o prejudica", explica Émmanuel Rivière, diretor do instituto TNS-Sofres.

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