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Sarkozy assume presidência da UE pedindo ''mudança profunda''

Líder francês quer superar crise causada pelo ?não? ao Tratado de Lisboa

Por AP , AFP e EFE E REUTERS
Atualização:

Na véspera de assumir a presidência da União Européia (UE), o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu ontem uma "mudança profunda" na maneira com a qual a Europa está sendo construída. Durante entrevista na emissora de TV France 3, Sarkozy também delineou suas prioridades para os seis meses nos quais vai liderar o bloco. "Temos de refletir sobre como se pode fazer da Europa um meio para proteger os europeus em suas vidas cotidianas", afirmou o presidente, que alertou para o risco de a UE alienar os europeus se deixar de cuidar de suas preocupações diárias. "O ideal europeu estará em perigo se não protegermos nossos cidadãos." Uma das prioridades da presidência de Sarkozy na UE é tentar resolver a crise provocada pela rejeição do Tratado de Lisboa por 53,4% dos irlandeses no dia 13. O tratado substituiu a proposta de Constituição européia, rejeitada em referendo por França e Holanda, em 2005. Entre os principais pontos do documento estão a criação do cargo de presidente do bloco, com mandato de dois anos, e o fortalecimento da figura do responsável pela política externa. O tratado só poderá tornar-se efetivo em 2009 se for ratificado pelos 27 membros da UE. Analistas, porém, questionam a capacidade de Sarkozy de obter consenso no bloco. Num sinal da dificuldade da tarefa, o presidente polonês, Lech Kaczynski, afirmou ao jornal Dziennik que não assinará o Tratado de Lisboa. Ele disse que "não faz sentido" firmar o documento após sua rejeição pelos irlandeses. Temas como imigração, meio ambiente, crise petrolífera e defesa foram outras prioridades mencionadas por Sarkozy durante a entrevista. "Temos de chegar a um acordo de uma política que proteja a todos. Esse é o sentido do pacto europeu para a imigração", disse Sarkozy. "Se aceitarmos todo mundo, explodiremos o pacto social europeu." No entanto, o presidente admitiu que um pacto comum de imigração que agrade a todos os integrantes do bloco não é fácil. Uma das principais reclamações do presidente francês é a supervalorização do euro - que, segundo ele, prejudica a competitividade econômica dos países europeus. O Banco Central Europeu deve aumentar as taxas de juro sobre a moeda esta semana, o que poderia deixar o euro ainda mais valorizado do que o dólar. Sarkozy afirma que, com o aumento das taxas, empréstimos e investimentos poderiam ser prejudicados. O presidente disse que a organização deveria pensar em crescimento econômico e não apenas em inflação - que ele atribuiu à alta do petróleo. Sarkozy afirmou que dobrar ou triplicar as taxas de juro não ajudaria a reduzir o preço do combustível. O presidente francês voltou a defender sua proposta de limitar o Imposto sobre Valor Agregado dos produtos petrolíferos.

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