Sarkozy e Ségolène aumentam ofertas para conquistar centro

Eleitores do centrista François Bayrou, que teve 18% dos votos no primeiro turno, são tidos como vitais para determinar o vencedor da corrida presidencial francesa

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Por Agencia Estado
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Os dois candidatos à Presidência francesa, o conservador Nicolas Sarkozy e a socialista Ségolène Royal, mantiveram neste domingo, 29, a disputa pela conquista do eleitorado centrista, que deverá ser decisivo no segundo turno do próximo domingo, 29. Conquistar os quase sete milhões de votos que o centrista François Bayrou conseguiu no primeiro turno se tornou o principal objetivo dos dois candidatos na reta final da campanha. Sarkozy e Ségolène abriram a possibilidade de que representantes da centrista União para a Democracia Francesa (UDF) entrem em seus governos. A candidata socialista foi mais longe, e não descartou que o próprio Bayrou possa ser seu primeiro-ministro, embora tenha dito que esta é uma opção "pouco provável". O candidato conservador fez várias investidas no eleitorado centrista durante seu último grande comício de campanha, que reuniu 40 mil simpatizantes no pavilhão de Bercy, em Paris, segundo dados da União pelo Movimento Popular (UMP). Apoiado pela maior parte do atual governo, liderado pelo primeiro-ministro Dominique de Villepin, e por muitos dos atuais deputados da UDF, Sarkozy anunciou a abertura da "maioria presidencial" ao centro político do país. "Quero dirigir-me aos eleitores de centro, cujos valores são tão próximos aos nossos. Quero dizer que sua sensibilidade tem eco na maioria presidencial que quero construir, e em torno da qual quero unir os franceses", disse Sarkozy, que se apresentou como "o candidato do povo da França". Sarkozy Ciente de que conta com o respaldo da maior parte dos eleitos da UDF, e de que Bayrou não parece disposto a se pronunciar, Sarkozy se dirigiu diretamente aos eleitores "que ainda têm dúvidas", e pediu seus votos. Horas antes, em entrevista à rede de televisão "Canal+", Sarkozy assegurou que seu Executivo contará com membros da UDF, pois seu partido "não tem pessoas qualificadas para todos os cargos". Além disso, afirmou que pode governar com o próprio Bayrou, que fez parte de um Executivo de direita quando, entre 1995 e 1997, ocupou o Ministério da Educação no governo de Alain Juppé. Apesar da vantagem demonstrada na última pesquisa, publicada neste domingo pelo instituto Sofres, e que mostra que vencerá com 52% dos votos, Sarkozy também quis enviar uma mensagem ao eleitorado de extrema direita. O candidato prometeu estudar a antiga reivindicação de escolher parte dos representantes do Parlamento por sistema proporcional, o que abriria as portas para a Frente Nacional. Ségolène Derrotada nas pesquisas, Ségolène também continuou em busca do eleitorado centrista, ao qual pretende conquistar com Bayrou, pois a maioria dos demais dirigentes da UDF apóia Sarkzoy. O silêncio do presidente do partido centrista abre as portas para a socialista, que enviou diversas mensagens para o eleitorado do partido. No "Canal+", Ségolène não descartou a possibilidade de Bayrou se tornar seu primeiro-ministro, embora o mais provável é que as concessões se limitem a incluir membros da UDF no governo. A candidata socialista se mostrou disposta a completar o programa político com idéias de outras correntes, em particular da UDF, e afirmou que, caso chegue à Presidência, "todas as boas idéias serão úteis para o país". "Não quero uma França partida em duas", disse Ségolène, que estendeu a mão para "os eleitores que não têm candidato no segundo turno, mas que pensam que os valores humanos devem se impor sobre os valores financeiros". Ségolène precisa de todos esses votos, e por isso não esqueceu o eleitorado dos outros partidos de esquerda, que somaram quase quatro milhões de votos, e cujos líderes mostraram apoio à sua candidatura.

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