Sarkozy quer Brasil no G-8 e ONU

Em seu primeiro discurso sobre política externa, presidente francês defende maior atuação de emergentes no cenário mundial

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Por REUTERS E AP
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Paris - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu ontem a inclusão de Brasil, México, Índia, China e África do Sul no G-8 - o grupo de países ricos que inclui EUA, França, Grã-Bretanha, Canadá, Itália, Japão e Alemanha, mais a Rússia. A proposta foi apresentada durante a XV Conferência dos Embaixadores franceses, no Palácio do Eliseu. Em seu primeiro grande discurso sobre política externa, Sarkozy aproveitou para afastar-se do legado de Jacques Chirac e deixar claro seu objetivo de retomar a influência internacional do país. "O G-8 precisa continuar sua transformação gradual. O diálogo em cúpulas recentes com líderes da China, Índia, Brasil, México e África do Sul deveria ser institucionalizado", afirmou Sarkozy. O presidente francês defendeu ainda um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU para Brasil, Alemanha e Japão. Sarkozy, que desde sua posse em maio lançou uma ofensiva diplomática, ampliou ontem sua frente de atuação. Para ele, um Irã nuclear é "inaceitável". Segundo Sarkozy, a França continua comprometida com o aumento das sanções impostas contra o país. "Essa iniciativa é a única que nos permite evitar uma alternativa catastrófica: uma bomba iraniana ou o bombardeio do Irã. Essa é, sem dúvida, a pior crise internacional de hoje", disse. O presidente francês também endureceu a retórica em relação à Rússia e à China. Sarkozy fez um alerta a Moscou, afirmando que o governo russo não pode usar seus recursos energéticos de forma "brutal". Dependentes das exportações de gás e petróleo da Rússia, países europeus temem que o Kremlin continue usando o corte de abastecimento como arma de pressão. Sobre a China, apesar de declarar que o país vive o "renascimento mais impressionante da história da humanidade", Sarkozy criticou a busca insaciável pelo controle de matérias-primas por parte de Pequim. Ainda de acordo com o presidente francês, a moeda chinesa está tornando-se um instrumento para auxiliar o poder político. O estilo objetivo de Sarkozy agradou aos especialistas. "Sarkozy é direto, sem os floreios de Chirac. Mandou uma mensagem para os iranianos, russos e chineses", afirmou François Heisbourg, do Centro de Pesquisas Estratégicas, em Paris. Além do estilo, Sarkozy também mostrou que reforçará alianças diferentes das de Chirac. Além de declarar-se "amigo de Israel", ele ressaltou sua aproximação com os EUA. Para o presidente francês, a amizade entre os dois países é tão importante hoje quanto há dois séculos. Acostumados ao antiamericanismo ferrenho de Jacques Chirac, a reaproximação com o governo do presidente americano, George W. Bush, ainda incomoda os franceses. Ciente disse, Sarkozy afirmou ontem que "ser aliado, não significa alinhar-se". Além disso, ele voltou a criticar a guerra no Iraque, afirmando que a França ainda é contra o conflito. Sarkozy, que desde o início de seu governo disse que a União Européia seria sua prioridade, defendeu ontem o fortalecimento do bloco e sugeriu a criação de um comitê de dez especialistas para discutir quais devem ser os próximos objetivos da UE. As conclusões do grupo seriam apresentadas em 2009. Sobre a Turquia, Sarkozy disse que não bloqueará a entrada do país na UE, mas voltou a afirmar sua oposição ao assunto. "Não quero ser hipócrita, todos sabem que sou favorável apenas a uma relação mais próxima", disse.

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