´Se Abbas se unir a governo terrorista, teremos um problema´, diz ministra israelense

Declaração da ministra de Relações Exteriores de Israel é uma resposta ao acordo acertado entre o Fatah e o Hamas para a formação de governo de união nacional

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Por Agencia Estado
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A ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni, declarou nesta segunda-feira que qualquer negociação com um governo de união nacional palestino dependerá do reconhecimento do Estado judeu pelo grupo islâmico Hamas - atualmente à frente do executivo palestino. A informação foi publicada na edição online do jornal israelense Haaretz. A posição defendida por Livni foi anunciada nesta segunda-feira em resposta a decisão palestina de dissolver seu atual governo e montar um novo executivo composto por todas as forças que formam a Autoridade Nacional Palestina (ANP). Segundo o acordo acertado nesta segunda-feira, o atual governo do Hamas será dissolvido nas próximas 48 horas, e um novo primeiro-ministro será nomeado. Com a manobra, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas (do Fatah) , e o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniye (do Hamas), pretendem formar um governo composto por membros dos dois grupos. O objetivo de ambos os líderes é diminuir a pressão internacional sobre o governo do Hamas, eleito no início do ano após as eleições legislativas palestinas, além de restabelecer as negociações de paz com Israel. EUA, Israel e a União Européia classificam o grupo, formado por fundamentalistas islâmicos, como uma organização terrorista. Por isso, desde que o gabinete liderado por Haniye assumiu o poder, os dois países e o bloco europeu cancelaram o fornecimento de ajuda financeira à ANP. Reconhecimento de Israel O anúncio de que os palestinos irão formar um governo de união nacional não garantiu, no entanto, uma mudança imediata no posicionamento defendido pelo Estado judeu. Para a diplomacia israelense, qualquer iniciativa de restabelecimento das negociações com os palestinos dependerá do reconhecimento de Israel pelo novo governo - algo que o Hamas já anunciou que não irá fazer. "Abbas pode estabelecer um governo da maneira que quiser, mas o Hamas é uma organização terrorista, e para que se torne legítima, precisa aceitar as condições do Quarteto de Madrid, o que inclui o reconhecimento de Israel", disse Livni, referindo-se ao grupo formado por Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia com o objetivo de estabelecer a paz no Oriente Médio. Em entrevista concedida após um encontro com o ministro espanhol de Relações Exteriores, Miguel Moratinos, Livni disse que se "Abbas se unir ao governo terrorista do Hamas, nós teremos um problema". Segundo o Haaretz, a chefe da diplomacia israelense acrescentou que a única questão relevante no momento é se o novo governo de união aceitará as três condições estabelecidas pelos países ocidentais para o reinício do envio de ajuda humanitária aos palestinos. As condições são o reconhecimento de Israel, a renúncia ao terrorismo e a aceitação dos acordos entre palestinos e israelenses estabelecidos no passado. Livni pediu ainda que a comunidade internacional não ceda na exigência destes três pontos. Proposta palestina A proposta que serve de base para o programa político da coalizão foi apresentado pela Liga Árabe em 2003, e demanda por um Estado Palestino na Cisjordânia e em Gaza - o que implica no reconhecimento implícito de Israel. Além disso, o plano prevê a aceitação de resoluções da ONU que pedem pela demarcação territorial e o fim à violência dentro do Estado soberano de Israel. O documento também pede pela aceitação de uma iniciativa árabe que levaria à uma resolução do conflito no Oriente Médio como um todo. Ainda assim, o porta-voz oficial do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse nesta segunda-feira que o movimento islâmico "nunca irá reconhecer Israel". "O Hamas vai continuar a ter sua agenda política... Nunca vamos reconhecer a legitimidade da ocupação", disse o porta-voz do Hamas.

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