Secretária dos EUA volta a atacar o Irã

Condoleezza acusou governo de fomentar protestos contra charges e mentir sobre programa nuclear

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Por Agencia Estado
Atualização:

A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, voltou à carga contra o Irã neste domingo, reafirmando que os governos iraniano e da Síria incitam protestos violentos aproveitando a ira dos muçulmanos contra a publicação de charges sobre o profeta Maomé. "Se os governos não atuarem de forma responsável, poderemos enfrentar um sentimento de indignação fora de controle", afirmou Condoleezza em entrevista à rede de televisão americana ABC. "É notório que o Irã e a Síria jogam manifestantes às ruas quando querem." Em entrevista à rede de televisão CNN, o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, disse estar de acordo com a acusação de Condoleezza. "Acho que (ela) tem razão. Parece óbvio que alguns países se estão tirando proveito da situação para desviar a atenção de seus próprios problemas com a comunidade internacional", afirmou. As charges que deram origem à onda de protestos foram publicadas pela primeira vez em setembro pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten e foram reproduzidas por outros veículos europeus. "Reação natural" O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores iraniano, Hamid-Reza Asefi, rejeitou as acusações. "O que ocorreu foi uma reação natural. Rice e os funcionários dinamarqueses deveriam pedir desculpas. Tais comentários podem piorar a situação", ressaltou. Manifestantes atacaram as embaixadas da Dinamarca na Síria, no Líbano e no Irã, e Rasmussen afirmou que considera responsáveis "os respectivos governos desses países pela proteção das embaixadas". Quando questionado sobre o tema após as primeiras acusações de Condoleezza, feita na terça-feira passada, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, declarou que não tinha provas da responsabilidade dos governos sírio e iraniano nos protestos. Programa nuclear Em sua bateria contra o Irã, Condoleezza afirmou também, neste domingo, que o mundo não pode confiar no fato de o programa nuclear do Irã poder ter como objetivo produzir eletricidade, porque o país árabe mentiu "nos últimos 18 anos". Em entrevista à rede de televisão ABC, ela disse que "a pergunta é se será permitido (aos iranianos) ter a tecnologia que poderia produzir uma arma nuclear, ou seja, o reprocessamento e o enriquecimento" de material nuclear. Condoleezza afirmou que se, o Irã abandonar o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), "só aumentará seu próprio isolamento". No sábado, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ameaçou abandonar o pacto. Neste domingo, um porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do Irã, Hamid-Reza Asefi, disse em entrevista coletiva que as palavras de Ahmadinejad foram mal interpretadas. O funcionário explicou que seu país continuará respeitando o tratado, que regula o uso de tecnologia nuclear para prevenir a proliferação de armas nucleares.

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