WASHINGTON - Sob pressão para renunciar, o secretário do Trabalho dos EUA, Alex Acosta, defendeu ontem seu papel no acordo que livrou da cadeia o magnata Jeffrey Epstein por crimes sexuais cometidos na Flórida há mais de uma década.
Em entrevista coletiva, Acosta afirmou ter enfrentado uma difícil escolha entre aceitar o acordo – que não foi tão rigoroso como ele gostaria – ou ir a julgamento com vítimas “relutantes a testemunhar”. Para ele, se tivesse havido o julgamento, teria sido como “jogar os dados” e o processo poderia não resultar em condenação com pena de prisão perpétua.
Em 2008, o empresário de 66 anos foi acusado de abusar de dezenas de meninas, muitas de apenas 14 anos, mas evitou o indiciamento após um acordo extrajudicial, no qual admitiu ter solicitado serviços de prostituição, um crime estadual.
O acordo foi firmado com a Promotoria do Distrito Sul da Flórida para pôr fim à investigação. Ele se declarou culpado de acusações menos importantes, foi condenado a 13 meses de prisão e chegou a um acordo financeiro com as vítimas. A negociação foi supervisionada por Acosta, que então era promotor de Miami.
A reviravolta ocorreu em fevereiro, quando um juiz da Flórida decidiu que a Promotoria violou a lei ao ocultar o acordo, que afetava mais de 30 mulheres que haviam denunciado o magnata por abusos sexuais.
“Eu queria ajudá-las (vítimas)”, disse Acosta. “Foi por isso que nós interviemos. E foi isso que os promotores do meu distrito fizeram – eles insistiram que ele iria para a prisão e mostrariam ao mundo que ele era e é um predador sexual.”
O pronunciamento de Acosta diante das câmeras foi visto como um teste crucial para ele se manter ou não no cargo. O secretário assegurou que o presidente Donald Trump o apoia. “Meu relacionamento com o presidente é excepcional”, disse Acosta, que rejeita renunciar. / NYT e EFE