10 de maio de 2011 | 11h31
Atualizada às 13h22
LONDRES - O governo da Venezuela teve apoio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em sua estratégia de segurança, depois do golpe de Estado realizado em 2002, sem sucesso, contra o presidente Hugo Chávez. A informação foi divulgada em Londres nesta terça-feira, 10, pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês), que reuniu em um relatório documentação das Farc.
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Entre as principais conclusões do relatório no que se refere à relação entre a Venezuela e as Farc, o IISS apurou que o governo Chávez teria permitido que o grupo operasse em território venezuelano.
Além disso, o presidente teria oferecido ajuda às Farc em dinheiro. Segundo a AFP, Chávez teria prometido "300 milhões de dólares" ao grupo guerrilheiro em 2007.
O presidente venezuelano teria ainda, de acordo com o relatório, pedido aos guerrilheiros que "treinassem grupos paramilitares para 'defender a revolução' de outros golpes de estado ou invasões externas", segundo o autor do estudo, James Lockhart Smith.
Smith disse, no lançamento do relatório, em Londres, que é necessário colocar a revelação em um "contexto estratégico". "Depois do golpe de abril de 2002, o regime (de Caracas) se aterrorizou, porque notou que o golpe esteve perto de ter sucesso, e porque viu também que não podia contar com a lealdade das Forças Armadas", explicou.
Equador
De acordo com a AFP, o presidente do Equador, Rafael Correa, "pediu" e "aceitou" fundos das Farc durante a campanha eleitoral de 2006. O documento do IISS relata que "os arquivos (apreendidos) e outras fontes sugerem que Correa solicitou pessoalmente e aceitou fundos ilegais das Farc na sua primeira campanha eleitoral em 2006".
Ainda segundo o relatório, "o respaldo político e financeiro da guerrilha teve um papel decisivo para garantir a ele (Correa) a vitória".
Apreensão de documentos
O IISS desenvolveu um estudo detalhado sobre a evolução do grupo conhecido como Farc-EP (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia - Ejército del Pueblo), ou simplesmente Farc.
O levantamento foi feito com base em informações do grupo, apreendidas pelo Exército colombiano durante uma incursão em território equatoriano em 1 de março de 2008. Na operação, o líder guerrilheiro Luis Edgar Devía Silva, conhecido como "Raúl Reyes", foi morto.
Segundo a Efe, entre o material apreendido na ocasião havia oito "dispositivos de memória" e documentos históricos das últimas três décadas sobre as Farc. O diretor do IISS para Ameaças Transnacionais e Risco Político, Nigel Inkster, disse que o governo colombiano solicitou ao organismo uma análise do material, depois de uma verificação feita pela Interpol de que os documentos não haviam sido manipulados.
Com Efe
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