PUBLICIDADE

Seguranças de bases dos EUA no Afeganistão são ligados ao Taleban

Relatório do Senado americano aponta falhas no recrutamento de vigias que financiam a insurgência

Atualização:

WASHINGTON - Empresas afegãs de segurança privadas com laços com o Taleban, com redes criminosas e com a inteligência do Irã foram contratadas para guardar as bases militares dos EUA no Afeganistão, expondo os soldados americanos a ataques surpresa e frustrando a luta contra a insurgência, indica uma investigação do Senado americano.

 

PUBLICIDADE

O estudo do Comitê de Serviços Armados do Senado indica que nove em cada dez funcionários de empresas de segurança do Afeganistão trabalham para os EUA e afirma que há falhas no processo de recrutamento, quando são contratados afegãos ligados aos insurgentes.

 

As empresas de segurança trabalham para todos os segmentos internacionais no país - desde missões diplomáticas a comboios de suprimentos e agências de ajuda. O relatório do Senado pede "medidas imediatas e agressivas" para melhorar o processo de recrutamento e de fiscalização dos funcionários que trabalham para as instalações americanas.

 

"Nossa confiança em contratantes de empresas privadas no Afeganistão deu mais poder a pessoas ligadas aos insurgentes que operam fora do controle do governo. Esses contratantes ameaçam a segurança de nossas tropas a colocam sob risco o sucesso da missão", disse o senador democrata Carl Levin.

 

O documento do Senado dá vários exemplos. Um deles é um homem chamado "Mr. White", contratado para ajudar na segurança da base aérea de Shindand, na província de Herat, no oeste do país. Ele foi assassinado em 2007 por um contratante rival.

 

Com a morte de Mr. White, os americanos contrataram seu irmão, suspeito de financiar a insurgência. Mr. White 2, como foi chamado o novo oficial, teria sido morto durante um ataque das tropas dos EUA a uma reunião do Taleban.

 

Um terceiro Mr. White, irmão dos outros dois, foi indicado para os americanos. Ele foi mantido apesar das suspeitas de que estaria envolvido em vários episódios de explosões de bombas na área.

Publicidade

 

O relatório também alerta que o crescimento da indústria de segurança privada no Afeganistão absorve a mão de obra que iria para o Exército e para a polícia, onde os salários são menores.

 

Em resposta ao relatório, Doug Brooks, presidente de uma organização que representa os contratantes de segurança privada, disse que as empresas do ramo fazem escolhas difíceis no momento das contratações. "Se a sua opção é usar nativos que podem trabalhar para insurgentes ou pessoas vindas de longe que se tornam automaticamente potenciais alvos, não temos muitas opções", disse.

 

Nos últimos meses, as forças dos EUA e do Afeganistão tem sido instruídas a aumentar a vigilância sobre as pessoas contratadas para trabalhar na segurança das instalações militares e diplomáticas e designar equipes para fiscalizar a verba destinada a essas contratações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.