Sem acordo com Duque, manifestantes convocam novos protestos na Colômbia

Grupo integrado por sindicatos e organizações acusa presidente colombiano de não assumir compromissos concretos

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Por Redação
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BOGOTÁ - Acabou sem acordo a reunião desta segunda-feira, 10, entre o presidente da Colômbia, Iván Duque, e sindicatos e organizações que desde 28 de abril protestam contra seu governo. Com isso, atos para novos protestos foram convocados para a quarta-feira, 12.

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"O governo não disse nada de concreto sobre os dois temas centrais abordados, as garantias dos protestos e o fim da atuação desmedida da força pública contra o povo", disse à Agência Efe o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores da Colômbia (CUT), Diógenes Orjuela.

Duque começou nesta semana uma rodada de diálogos com diversos setores para tentar buscar soluções para a crise política e social iniciada com os protestos, que nasceram para pedir o fim da reforma tributária e desembocaram em outras reivindicações, como a retirada de uma reforma da saúde e o fim da brutalidade policial.

Desde que os protestos começaram, em 28 de abril, ao menos 27 pessoas morreram durante as manifestações, segundo informaram nesta segunda-feira o Ministério Público e a Defensoria do Povo. O documento divulgado indica que 11 mortes estão diretamente ligadas aos protestos, sete estão "em verificação" e nove não têm relação com as manifestações.

Reunião entre Duque e grevistas terminou sem acordo Foto: Cesar Carrion/EFE/EPA

Nesta segunda-feira, autoridades confirmaram a morte de Lucas Villa, estudante de 37 anos que levou oito tiros enquanto participava de protestos em Risaralda. Ele estava em um viaduto que conectava a cidade à Dosquebradas quando supostos civis em uma motocicleta abriram fogo, deixando Villa e mais uma pessoa gravemente feridas.

O presidente da CUT, Francisco Maltés, disse aos jornalistas, após a reunião, que "não houve empatia do governo" com as causas dos protestos ou "com as vítimas da violência que tem sido exercida desproporcionadamente contra os manifestantes."

"Exigimos que o massacre fosse interrompido, que a violência oficial e privada contra pessoas que estão exercendo legitimamente o seu direito de protesto parasse", disse o líder sindical.

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Fim dos bloqueios

O alto comissário para a Paz colombiano, Miguel Ceballos, descreveu a reunião desta segunda-feira como "exploratória" e defendeu o "fim dos bloqueios" que "ameaçam os direitos de muitos cidadãos."

"Há consenso na rejeição da violência e tolerância zero para qualquer conduta das forças de segurança que vá contra a Constituição e a lei, mas também uma condenação clara contra qualquer violação do direito de qualquer cidadão à sua integridade física e pessoal", disse o alto comissário.

Ceballos disse também que, por meio da mediação da missão da ONU na Colômbia e da Igreja Católica, foi acertada a criação de um "espaço futuro" de diálogo mediado pelas duas entidades.

"Valorizamos e respeitamos a resposta positiva da Igreja e também propomos nesse espírito um próximo passo para construir um espaço respeitoso e produtivo para acordos", declarou Ceballos. 

Convocação

Os porta-vozes do movimento insistiram que o governo não atendeu ao pedido para conter a violência policial, o que impediu avanços na discussão de outras reivindicações. 

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Jennifer Pedraza, porta-voz da Associação Colombiana de Representantes Estudantis do Ensino Superior (Acrees), afirmou que a reunião foi "uma repetição do que aconteceu em novembro de 2019, quando o governo de Iván Duque decidiu ignorar as exigências do Comitê Nacional de Paralisação".

Pedraza disse que um dos pedidos "básicos" que fez foi "garantia de mobilização, uma coisa simples do Estado de Direito e, pelo contrário, o discurso do presidente Iván Duque foi complacente com os usos excessivos da força pública nas manifestações."

"Com base nisso, é impossível processar qualquer tipo de reivindicação porque o movimento social tem a sua força aí. É por isso que pedimos ao povo colombiano a realização de um novo dia de greve nacional no dia 12 de maio para exigir que o governo responda a estas exigências", acrescentou. /EFE e AFP

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