Sem solução "global" violência pode voltar ao Líbano, diz Chirac

Presidente francês solicitou uma reunião entre ONU, EUA, União Européia e Rússia e pediu para que cada país assuma sua responsabilidade; Chirac aproveitou o pronunciamento para mandar um recado ao Irã: que o país contribua para criar ´condições de confiança´ perante a comunidade internacional

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Por Agencia Estado
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O presidente francês, Jacques Chirac, alertou nesta segunda-feira sobre o perigo de uma "volta das hostilidades" no Líbano caso não se estabeleça uma "regra global e durável" entre os países da região. "A alternativa é a volta das hostilidades, que cavaria um fosso insuperável entre dois países vizinhos, ou a opção política de uma regra global e durável da qual dependerá o futuro do Líbano e a segurança de Israel, assim como a estabilidade da região", afirmou Chirac no Palácio do Eliseu. "Uma regra diplomática se impõe", ressaltou Chirac em seu discurso inaugural da tradicional Conferência de Embaixadores franceses, na qual são fixadas as prioridades da diplomacia da França, e que este ano é dedicada aos desafios da próxima década, como o terrorismo e a segurança energética. Por isso, o chefe de Estado francês solicitou uma rápida reunião do Quarteto (ONU, EUA, União Européia e Rússia) e pediu que cada país da região "assuma suas responsabilidades". Todos os países da região "devem compreender que lhes é benéfico um Líbano soberano e independente, onde a autoridade exclusiva do Estado será exercida sobre o conjunto de seu território", disse. "É a melhor garantia para seus interesses, especialmente em termos de segurança", ressaltou Chirac, em alusão a Israel. Ao Estado judeu, Chirac pediu que o levantamento do bloqueio aéreo e marítimo que mantém contra o Líbano, "que penaliza gravemente a economia libanesa e impede o país de progredir no caminho da normalidade". O chefe de Estado francês também advertiu que a segurança de Israel é "indissociável da criação de um Estado palestino". Quanto à Síria, Chirac disse que o país "deve sair de sua lógica obsessiva". "Deve recuperar seu lugar à mesa das nações que respeitam a legalidade internacional" e respeitar "a soberania de seus vizinhos", acrescentou em alusão à tutela que exerceu durante anos sobre o Líbano. Para Chirac, a resolução 1701 das Nações Unidas, que estabelece as condições do cessar-fogo entre o Estado hebreu e Hezbollah vigente desde o último dia 14, representa "o marco de uma solução duradoura fundada na segurança de Israel e na soberania do Líbano em todo seu território". Chirac lembrou que essa resolução "dá início a um processo que deve levar ao desarmamento das milícias e à resolução das questões fronteiriças, incluindo a das Fazendas de Chebaa", que estão situadas entre Líbano, Síria e Israel. O presidente francês reafirmou o compromisso de seu país de enviar cerca de 2 mil soldados à Força Interina da ONU para o Líbano (Finul) e lançou um chamado à generosidade da comunidade internacional para contribuir com a nova reconstrução do país, destroçado pelos bombardeios de Israel. Gesto de confiança O presidente francês, Jacques Chirac, pediu também ao Irã que faça "os gestos necessários para criar as condições de confiança" que possibilitem a resolução da crise nuclear entre a república islâmica e a comunidade internacional. Chirac fez este pedido faltando três dias para o fim do prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã para que suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio. Caso o prazo não seja cumprido, a ONU ameaça impor sanções ao Irã.

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