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Senado aprova prazo para retirada americana do Iraque

Medida, aprovada por 56 a 41, vincula verba para guerras ao calendário

Por Agencia Estado
Atualização:

O Senado americano aprovou nesta quinta-feira, 26, a medida que determina o início da retirada das tropas do Iraque no dia 1º de outubro. O presidente dos EUA, George W. Bush, já anunciou que vetará a medida. O prazo para a retirada faz parte de um pacote de financiamento de guerra que libera US$ 124 bilhões para as tropas no Iraque e no Afeganistão. A votação, encerrada em 51 votos a 46, foi semelhante à votação da mesma lei um dia antes na Câmara dos Representantes (deputados), por 218 votos a 208, ambas longe dos dois terços necessários para superar o veto de Bush. A proposta é a primeira contestação à guerra organizada pelos democratas desde que assumiram o controle das duas Câmaras do Congresso, em janeiro. A medida acirra a disputa política entre governo e oposição. Os democratas argumentaram que a nova estratégia de colocar prazos sobre a possibilidade de futuros conflitos pressionará líderes iraquianos a tomarem as decisões políticas necessárias para controlar a violência sectária. "O presidente falhou em sua missão para trazer paz e estabilidade ao povo do Iraque", disse o senador democrata Robert Byrd. "É hora de trazermos nossos soldados de volta do Iraque." O comandante das tropas americanas no Iraque, general David Petraeus, foi ao Congresso acompanhar a votação dos deputados e defender o reforço de tropas ordenado por Bush em janeiro. O general alegou que a violência sectária em Bagdá caiu um terço desde o começo da guerra. Em declarações ao Congresso na quarta-feira, Petraeus afirmou que a retirada levará o caos ao país. A visita de Petraeus ao legislativo foi um pedido de Bush, que tentou impedir a aprovação da medida. O texto permite que parte dos militares permaneçam no Iraque para operações de capacitação das forças iraquianas e atividades antiterroristas. O senador independente, Joseph Lieberman, que normalmente vota com os democratas, ficou do lado dos republicanos e se opôs à lei. "Nós nos iludimos se pensarmos que podemos mexer uma varinha (mágica) legislativa e de repente nossos soldados poderão distinguir entre violência sectária e terrorismo da Al-Qaeda. Ou que os iraquianos vão repentinamente resolver suas diferenças políticas porque nossas tropas estão saindo", disse Lieberman. Entre os deputados, dois republicanos se juntaram aos votos democratas em aprovação à lei, enquanto 13 democratas optaram pelo "não". Os democratas assumem que já consideram o que fazer caso Bush vete a proposta. Uma opção seria financiar a guerra até setembro enquanto Bush determina parâmetros que o governo iraquiano deve seguir, segundo o deputado republicano John Murtha. O senador Joseph Biden, democrata, disse que o foco imediato deve ficar no presidente, que "cometerá um trágico erro vetando a lei". Ampliado às 15h36.

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